O dia de gala do Dinizismo chegou. Seu Fluminense construído a partir de suas ideias encara o Manchester City de Pep Guardiola pelo título do Mundial de Clubes. O favoritismo é todo dos ingleses. Mesmo sem Haaland e De Bruyne, a diferença entre os dois times é de um oceano. Porém, ver um clube brasileiro chegar à final com um identidade tão própria e alicerçado na convicção do seu técnico já pode ser considerado uma conquista.
Será um duelo interessante. Diniz e Guardiola. São dois técnicos que apreciam a bola. Parece obviedade dizer isso de um treinador de futebol, mas há alguns que, quanto menos ficarem com ela, melhor. Preferem jogar no erro do adversário, tirando seu espaço, marcando e esperando seu vacilo para siar em contra-ataque.
Diniz e Guardiola pensam pelo eixo oposto. Querem eles o controle do jogo. Porém, usam caminhos distintos para isso. Diniz projeta seu jogo em função da bola. Guardiola, em função do espaço. Diniz quer ter o maior número de jogadores onde a bola estiver. Guardiola busca de forma obsessiva que seus jogadores ocupem espaços pré-determinados no campo. Diniz quer que seu jogador vá até onde a bola esteja. Guardiola quer que a bola chegue até onde seu jogador está. São sutilezas, mas que constroem ideias distintas.
O desafio de Diniz será implantar seu jogo contra um rival que, geralmente, precisa de um vacilo do adversário para chegar ao gol. É letal. Como o Fluminense joga no limite do risco, às vezes até um pouco além dele, será uma jornada tensa. Porém, foi assim que seu time chegou até aqui. Será uma grande surpresa se mudar seu comportamento. Guardiola já sabe como joga esse Fluminense e, podem ficar certos, pressionará com linhas altas, forçando o erro do passe. É assim que costuma jogar na Premier League e na Liga dos Campeões. Será ainda mais contra um rival que aboliu o chutão e faz da simplicidade da troca de passes um jogo complexo.
Todos sabem que não será uma jornada fácil para o Fluminense. Mas é possível sonhar, sim. O Dinizismo vem descolando rótulos que o conservadorismo do futebol brasileiro tenta colar nele. Seus times defendiam mal. Não mais. Suas equipes jogavam de forma horizontal. Não mais. Não conseguiam ganhar um título. Não mais. Essa ideia de risco máximo não o levaria a lugar algum. Levou-o à Seleção, à conquista da América e ao jogo mais importante da sua vida e dos mais de 100 anos do Fluminense. Só de chegar à Riad pelas suas próprias ideias já é digno de taça.