Nesta terça-feira, na calorenta e acolhedora Belém, uma nova Seleção Brasileira começou a ganhar forma. Pode até ser um time tampão, até a chegada de Carlo Ancelotti. Mas é possível também que a partida desta sexta-feira, contra a Bolívia, também seja a primeira de uma Era Diniz que pode nos levar até a Copa de 2026.
Não é o cenário ideal. Pelo contrário, está longe disso. A Seleção, pela sua história e pela marca mundial que carrega, deveria iniciar um ciclo sem nada a enevoar o que virá ali na frente na sequência do trabalho. O próprio Diniz merece esse respeito.
Enfim, o quadro posto é esse, e Fernando Diniz começa nesta a semana a colocar suas ideias e seu modelo na Seleção. Independentemente do tempo à frente da Seleção, tenho certeza de que mexerá com as raízes do futebol brasileiro. Há um conservadorismo que nos emperra.
O medo do novo, daquilo que foge à rápida compreensão, acaba por repelir quem tenta jogar fora dos padrões estabelecidos dos anos 1980 para cá. Mesmo que tenham se passado quatro décadas. Diniz, usando uma expressão dos dias atuais, pensa fora da caixinha. Só isso já é suficiente para tornar sua chegada à Seleção uma guinada no manche do nosso futebol.
O desafio de Diniz é imenso. Até porque ele substituirá ninguém menos do que nosso melhor e mais atualizado treinador. Tite fez um trabalho de altíssimo nível nos seis anos em que esteve na Seleção. Não teve o resultado, mas a aleatoriedade do gol a quatro minutos do fim não pode decretar um trabalho como fracassado.
Falamos aqui de um técnico que mudou a forma de comandar, criou rotinas novas, conectou sua sala na CBF com os melhores vestiários e os maiores profissionais do mundo. Tite varreu a intuição e adotou a ciência para definir quem vestiria a camisa mais importante do mundo.
Diniz, é provável, ainda não conte com essa estrutura de trabalho. Porém, ele tem um conceito de jogo autoral, que encanta os jogadores porque respeita as origens do nosso futebol. Mais, respeita também a razão de todos eles terem escolhido ser jogador: o controle da bola.
Podemos dizer que os times de Diniz fazem o jogo de bola virar futebol. Há uma diferença de três oceanos entre os dois. Mas Diniz conseguiu uni-los. É isso que começaremos a ver na nossa Seleção a partir desta terça-feira na calorenta Belém.