Na língua espanhola, se costuma usar bisagra como adjetivo para definir o momento em que é preciso coragem e ousadia para tomar uma decisão que mude os rumos da história. O confronto entre Inter e Nacional desta noite, no Parque Central, é tratado em Montevidéu como "bisagra" no semestre do time uruguaio.
Seria, para nós aqui no lado da fronteira que fala português, o jogo do ano. Exageros à parte, a definição dada pelos uruguaios ao confronto desta noite resume bem o ambiente com o qual o Inter terá de lidar.
Para o Nacional, vencer significa se classificar às oitavas com uma rodada de antecipação e, mais do que isso, dar resposta ao seu torcedor depois de um começo de ano um tanto opaco. Mesmo que os resultados a partir da chegada de Álvaro Gutiérrez sejam razoáveis, há cobrança por mais futebol e por mais qualidade.
Os números de "Guti", em sua terceira passagem pelo clube, o sustentam. São 13 jogos, sete vitórias, quatro empates e duas derrotas apenas (para o Peñarol e para o Independiente Medellín). Só que, nesse pacote, está a perda do título do Apertura para o Peñarol.
O que pesa no cenário de rivalidade local. Tanto que o Nacional já projeta uma renovação na virada do semestre. Cinco jogadores importantes estão de saída: o goleiro Rochet, da seleção, o lateral-esquerdo Cándido, e os meia-atacantes Tezza, Fagúndez e Pereiro.
Lá no Uruguai, como em toda a América do Sul em espanhol, os movimentos seguem o calendário europeu. As chegadas e partidas de jogadores são feitas no meio do ano. Ou seja, a partida desta noite tem cara de fechamento de ciclo para o Nacional.
O que deve fazer com que Guti solte um pouco mais o seu time e busque um jogo mais aberto e ofensivo, contrariando suas características. Para o Inter, esse também deveria ser um jogo com essa postura, de ataque.
A tabela exige dos colorados uma vitória para se classificar às oitavas. Definir essa questão evitaria chegar ao Beira-Rio, no dia 28, jogando o tudo ou nada contra os colombianos. Diante do retrospecto recente das decisões em casa, o aconselhável é resolver tudo em Montevidéu.
Ou seja, a partida desta noite tira muito da força da coluna do meio, se usarmos a figura da Loteria Esportiva. O empate, para o Inter, manteria as chances de ser primeiro do grupo.
Porém, manteria a exigência de vencer os colombianos para seguir adiante. Só que dificilmente Mano Menezes tirará as amarras do seu Inter. O que tornará a noite colorada mais de resistência do que de proposição.