Há uma atmosfera de tranquilidade no Grêmio antes da final. Bem diferente da tensão que antecipava o confronto de volta contra o Ypiranga. Essa leveza se explica para volta do principal trunfo de Renato neste time que ele recém começa a dar forma. Poder contar com Villasanti e Carballo e ter Cristaldo mais inteiro entrega ao técnico um meio-campo inteiro. No caso do Grêmio, um setor com cinco jogadores.
A volta do "trio Mercosul" acabará com a solidão de Vina, vista no último sábado (25), e devolverá Bitello mais para perto do gol, onde se consolida, a cada partida, no melhor jogador do Gauchão. Claro, Suárez é a grande celebridade do futebol gaúcho nesta largada de ano — e dificilmente perderá esse posto enquanto estiver aqui. Mas o grande destaque técnico é o paranaense de 23 anos que, a cada partida, mostra o quanto era inexplicável seu ostracismo até a chegada de Roger Machado, no começo de 2022.
Com o quinteto no meio, Renato terá de volta o jogo de proposição e funcional que fez o Grêmio ter, além de resultados, uma alta produção. A ideia de montar uma equipe que jogasse e se defendesse com a bola foi atingida quase que por vias tortas. Havia por parte do técnico uma insistência em contar com extremas.
Havia Ferreira, ainda vacilante, e uma súplica para que se buscasse Michael no Al-Hilal-ARA. Quando a direção deixou ainda mais claro para Renato que não havia dinheiro e, assim, não haveria neste momento um novo extrema, ele buscou soluções em casa. Encontrou uma saída digna de aplauso e que rumou para o lado oposto do que vinha buscando.
O Grêmio de Ferreira e mais um extrema atacava de forma mais posicional. Apostava muito alto na vitória individual de seus atacantes, dotados de drible e qualidade de definição. O Grêmio dos meias vindo para dentro e trocando de posição passou a jogar de forma funcional, sem lugares definidos para o trio e também para os meio-campistas que chegassem de trás, casos de Pepê e Carballo, ambos com vocação ofensiva. Tudo isso tornou o jogo mais envolvente e rápido. Se eles não contam com a velocidade agressiva de um extrema, oferecem um jogo rápido, progressivo e com poucos toques.
Em Caxias, o plano de jogo elaborado por Renato só terá uma pequena mudança. Villasanti joga mais posicionado do que Pepê. Defende mais, é verdade, mas não oferece os cacoetes do titular. Por outro lado, acaba também liberando mais Carballo e aproximando-o do que fazia no Nacional, onde foi eleito craque da última temporada no Uruguai.
Por todo esse contexto, percebe-se uma leveza no ambiente do Grêmio às vésperas de uma decisão que, se for vencida, dará ao clube seu quarto hexa gaúcho.