Foram quase duas horas de espera pelos campeões na zona mista do Estádio Lusail. Que acabou com desfile dos jogadores capitaneados por Messi, agarrado à taça, e com os cânticos da arquibancada. Não houve entrevista, mas sim uma festa dos jogadores. Com direito a banho de champanhe nos jornalistas.
Quem se aventurou a colocar o celular diante deles para registrar, levou. Foi o caso deste escriba aqui. Não poderia perder a chance de registrar esse momento. Assim é a vida do repórter.
Messi era o mais entusiasmado. A zona mista do Lusail, para que você entenda, é um corredor delimitado que serpenteia uma grande sala. Cada corredor tem um banner com os patrocinadores. Esses banners só não despencaram por milagre na festa argentina.
Os jornalistas europeus ficaram um pouco assustados no início, até entender o que estava acontecendo. Primeiro, havia passado o goleiro Lloris. Educadamente e com a fala pausada, ele atendeu aos jornalistas franceses. Esforçou-se para ser solícito em um momento duro. Até esboçou um sorriso em algumas perguntas.
Depois, passou Mbappé, escoltado pelos dois assessores de imprensa da Federação Francesa e mais alguns seguranças. Os assessores, normalmente antipáticos com os jornalistas estrangeiros, estavam ainda mais irritadiços. Mbappé fitou os jornalistas, baixou a cabeça e ignorou os pedidos de entrevista.
Ainda passaria por ali Hassan Al-Thawadi, secretário geral do Supremo Comitê. Ele respondeu em inglês e espanhol fluentes sobre a Copa, sua final e o legado deixado por ela. Também não negou a candidatura aos Jogos Olímpicos de 2036.
Depois do dirigente catares e sua roupa branca alva, vieram os argentinos. O som chegou antes. Eles saíram do vestiário cantando a pleno e começaram a serpentear pela zona mista. Passaram pelas TVs e rádios com direitos, pelos jornalistas de mídias impressas e eletrônicas. Foi quando me aproximei. Lautaro Martínez até me olhou e achou graça. Estava com a garrafa de champanhe na mão. Pezzela estava com outra e a sacudiu em direção aos jornalistas. Meus dois celulares, óculos, camisa e a cabeça calva foram banhados pelo doce sabor do tri argentino.
Messi seguiu e parou na última esquina da zona mista. Esperou todos. Os repórteres se acotovelaram, a não mais do que dois metros deles. Foi quando todos passaram a entoar um canto que é comum nos vestiários da Argentina e endereçado aos jornalistas:
— Hay que alentar hasta la muerte porque a Argentina la quiero, porque es un sentimiento, la llevo en el corazón. Y no me importa lo que digan esos p... periodistas, la p.... que los parió. Oh, oh, oh, oh… hay que alentar a la Selección.
Foi o último ato dos jogadores no Lusail. Dali, eles embarcaram no ônibus em direção ao hotel. Onde a festa prosseguiria. Com muita cantoria, a taça na mão do Messi e, é claro, o champanhe. Que, posso garantir, era da melhor qualidade.