Do gol de pênalti de Montiel em diante, Buenos Aires está sob uma espécie de salvo-conduto. É tudo permitido até que acabe a energia. Só que são 36 anos e meio de acúmulo. A cidade vive uma festa que mistura loucura, música, dança e até uma certa dose de perigo.
Como os meninos que subiram no balcão do Teatro Colón. Pelo lado de fora. Escalando. Um deles chegou a cair, mas conseguiu se agarrar a tempo e evitar um fim de festa terrível. Sinaleiras, placas, postes e monumentos viraram pontos de apoio e assentos.
Nos caminhos até o Obelisco, as vias foram trancadas. Mas não só pelos agentes de trânsito. Quem tentou ir de carro para o centro da festa se deu mal. Porque os primeiros motoristas que perceberam a impossibilidade tomaram a atitude mais simples: abandonaram os veículos. Assim mesmo, no meio das ruas.
Nas cantorias, além dos "muchaaaachos", os franceses se juntaram a brasileiros e ingleses como alvos das provocações. Até aquela lamentável música racista contra os franceses oriundos da África apareceu. Como controlar babacas na multidão?
No final da tarde, a movimentação do Obelisco começou a diminuir. Assim, na prática era reduzir de um oceano de gente para alguns mares.
Até porque seria impossível aumentar. Mas por onde se deslocavam os torcedores, havia festa. Será assim até sabe-se lá quando. Vida normal em Buenos Aires, possivelmente só em 2023. E olhe lá.