Em março deste ano, Tite surpreendeu ao incluir Arthur na convocação para as duas últimas rodada das Eliminatórias. Parecia sinal de recomeço para o meio-campista formado no Grêmio e que surgiu tão bem que chegou a ser cogitado até para a Copa de 2018. Depois da Rússia, seria insano pensar no ciclo para o Catar 2022 sem Arthur. Assim foi no começo, em que estava em alta no Barcelona. Desembarcou lá como novo Xavi. Na Seleção, foi destaque na conquista da Copa América.
O sucesso, porém, precedeu uma queda vertiginosa. Arthur saiu por trás do Camp Nou e desembarcou na Juventus. Também saiu de lá sem causar alarido. A surpresa foi ter chegado ao Liverpool. Arthur havia caído para cima. Só que não.
Na terça-feira (20), ele entrou em campo pela Papa Johns Trophy. A Papa Johns é a terceira maior rede de pizzarias do mundo. Norte-americana, tem 5 mil lojas em 45 países e batiza a competição organizada pela EFL (organizadora dos campeonatos da segundo à quarta divisões inglesas, entre outras) que congrega 64 clubes, sendo 16 deles da Premier League com seus times sub-21 e 48 das terceiras e quarta divisões. É essa competição que Arthur está jogando a dois meses de uma Copa do Mundo que deveria ser sua.
Os times são divididos em 16 grupos regionalizados. O ex-gremista foi a grande atração do Liverpool na derrota de 1 a 0 para o Rochdale. Atualmente na Ligue Two, a Quarta Divisão, o Rochdale tem endereço na região metropolitana de Manchester e manda seus jogos na Crown Oil Arena. O nome Arena, na verdade, é só para dar pompa. Inaugurado em 1920, tem capacidade para 10,2 mil pessoas. Lembra muito o nosso Passo D'Areia, porém com todas as arquibancadas cobertas, com ares de típico estádio inglês.
Arthur jogou 60 minutos. Antes disso, tinha atuado por 14 minutos na Liga dos Campeões, contra o Napoli. Em entrevista concedida na sexta-feira (16), Jurgen Klopp tratou sobre o futuro de Arthur. Disse que ele precisava de minutos porque vinha de longa inatividade na Juventus. Inclusive, vinha treinando fora do grupo. Massimiliano Allegri não o relacionou para a pré-temporada nos Estados Unidos. Arthur tinha voltado em dezembro, depois de passar por cirurgia no joelho direito para corrigir a calcificação de uma membrana. Porém, sua perda de espaço teve, de verdade, questão técnica.
Esse é também o motivo que faz Klopp considerar antecipar o fim do empréstimo de Arthur e devolvê-lo em janeiro à Juventus. O acordo é de um ano. Arthur estava em negociações com o Arsenal, mas o Liverpool acabou se antecipando para suprir as carências por lesão no meio-campo. Principalmente, Thiago Alcântara.
Porém, os jogadores voltaram do departamento médico antes que o ex-gremista desse sinal de que poderia jogar no alto nível exigido na Premier League.
— Ele pode jogar minutos? Sim. Ele deve jogar um jogo completo? Não, porque ele precisa se acostumar com a intensidade em cada competição — definiu Klopp.
É bem possível que nem tenha tempo para isso pelos movimentos do técnico alemão.