Ele pode ser o gaúcho de última hora na Copa do Mundo. Aos 23 anos e com uma carreira pouco conhecida pelos próprios conterrâneos, Roger Ibañez da Silva, ou simplesmente Ibañez, nasceu em Canela, na Serra, e hoje é titular da Roma. No Rio Grande do Sul, o zagueiro só teve experiência no Grêmio Atlético Osoriense e no pouco conhecido Player, de Porto Alegre, em ambos os casos muito antes do profissionalismo.
A carreira extremamente dinâmica o levou para um empréstimo no Sergipe, testes no Fluminense e ida, há quatro anos, para a Itália, onde jogou na Atalanta, até se transferir para seu atual clube, onde é treinado por José Mourinho. Descontraído e feliz pela oportunidade na Seleção Brasileira às vésperas do Mundial do Catar, o canelense garante que não perdeu os hábitos gaúchos, mesmo na Itália.
— Nasci em Canela, morei lá até os seis anos e depois fui para Tramandaí, por causa do trabalho de meu pai. Claro que mantenho o orgulho de ser gaúcho, até comentamos e comemoramos o 20 de setembro por aqui.
Ele falou, ainda, sobre a convocação na última lista de Tite antes da Copa, para os amistosos contra Gana, na sexta-feira (23) e Tunísia, na terça-feira (27), a possibilidade de atuar improvisado na lateral e a relação com Mourinho, seu treinador na Roma.
Confira a entrevista
Segues com hábitos do churrasco e do chimarrão?
Claro que sim. O chimarrão eu tomo todo o dia, até trouxe para cá (Le havre, na França) o material todo. Para o churrasco, comprei 50 tijolos lá em Roma e eu mesmo fiz a churrasqueira.
Como é ter esta oportunidade às vésperas da Copa do Mundo e em um setor que ainda está aberto?
É uma alegria imensa estar aqui na busca de uma vaga na Copa. Certamente é fruto do meu trabalho diário, e o momento não poderia ser melhor, na última convocação antes do Mundial. Tenho de seguir meu trabalho. Há tempo para mostrar o que é preciso para estar lá (no Catar).
Tu trabalhas com um técnico que valoriza sistemas defensivos. Como José Mourinho vem colaborando com o teu futebol?
Eu só tenho a agradecer tudo o que ele fez por mim, e ainda tem tempo para me ajudar mais. Ele é sensacional, sabe lidar com cada atleta à sua maneira. Tem bastante dele nesta minha convocação.
O Tite já usou o Militão no treinamento desta terça-feira (20) na lateral. Na Roma, tu jogas pela esquerda em uma formação de três zagueiros. Onde tu podes atuar para mostrar versatilidade e ganhar a vaga na Copa?
Na Roma, eu cheguei a jogar nas duas laterais. Na zaga também jogo tanto pela direita como pela esquerda. Para mim é bem tranquilo jogar em outra posição, diferente da que venho atuando. É só entender bem o que o professor quer.
Tu usas o Ibañez, sobrenome uruguaio, como nome, mas te apresentaste ao pessoal da Seleção como Roger. Como é isto?
O Roger é mais íntimo. Deixo para as apresentações e para a família. Ibañez é como sou conhecido. Sobrenome de minha mãe, uruguaia. Eu tenho cidadania uruguaia também, mas meu pai é gaúcho, também "do" Canela (maneira como as pessoas da região tratam a cidade).
Voltando às origens, no Rio Grande do Sul não participaste de nenhuma competição? Nem do Serramar, no litoral?
Não (risos). Não joguei o Serramar, mas conheço os jogadores que atuaram. Não passei pela base de Grêmio, Inter, Caxias ou Juventude...
Quem é daquela região diz que o Serramar é uma "Copa do Mundo".
É... Mas, então, quem sabe vamos para a outra Copa do Mundo. Lá no litoral, realmente, é uma Copa. É um campeonato muito disputado, mas mundial é mundial.