A decisão contra o Melgar será um jogo de paciência. Mas também de desafios para este Inter em construção por Mano Menezes. Os peruanos já avisaram desde o final do jogo de ida que virão a Porto Alegre com uma estratégia de reação. Ou seja, fecharão espaços e darão a bola para o adversário. Apostarão em um ambiente que empurrará o Inter para o ataque e tentarão aproveitar os espaços deixados às costas dos marcadores, para contragolpes verticais.
Pablo Lavallén, vice-campeão da Sul-Americana com o Colón, um time que nunca havia chegado a uma decisão continental, sabe também que este Inter encontra dificuldades quando precisa passar mais tempo com a bola. Foi assim contra o Fortaleza, no domingo (7). Mesmo que os cearenses tenham ficado com 10 jogadores por uma hora, não foi a superioridade numérica que fez a diferença no jogo, mas a superioridade na posse de bola.
O Inter baseia seu jogo na transição rápida, na roubada de bola para chegar, em poucos toques, no goleiro adversário. Como o Fortaleza se recolheu e fechou-se diante de sua área, forçou o Inter a elaborar mais o jogo e a trabalhar melhor a bola em busca de espaços. O que ele não consegue fazer. Por estar ainda em fase de formação, mas também por não ser treinado para isso. Mano sempre apostou mais em jogo de transição do que de construção.
Uma passada recente pelos jogos do Inter mostra que suas grandes jornadas no Beira-Rio têm como roteiro um gol no início, o recuo para aproveitar o espaço deixado pelo adversário e mais gols em transições rápidas. Flamengo e Atlético-MG foram demolidos antes dos 30 minutos. Nesses dois jogos, teve menos posse de bola (32% e 31%). Porém, máxima eficiência. Por outro lado, em partidas nas quais teve muito mais posse, enfrentou dificuldades. Contra o América-MG, só venceu com gol no último lance. Contra o Fortaleza, acabou se desarticulando de tal forma que acabou goleado.
O padrão a ser buscado precisa ser o do Colo-Colo. Ali, mobilizado e com um ambiente especial criado pela torcida, construiu uma virada histórica — perdia por 3 a 0 o confronto e venceu por 4 a 3. Mesmo que o Colo-Colo tenha adotado como postura esgrimir com o Inter, a construção da vitória com a bola sob seu controle por 60% do tempo criou o modelo a ser perseguido. E também a desconstrução de um DNA de jogo mais reativo que, não é de hoje, marca o Inter.
Descanso e dúvidas
O Melgar se concentra há 10 dias apenas no Inter. Seu último jogo pela Liga 1, o Campeonato Peruano, foi no dia 29 de julho. Por acordo da federação local com os clubes, quando um deles estiver envolvido em mata-matas a partir das quartas de final das copas da Conmebol, os jogos pelo nacional são adiados. Assim, o Melgar só voltará a jogar pela competição na próxima segunda-feira (15).
Desta forma, o técnico Pablo Lavallén teve tempo para preparar a estratégia que usará no Beira-Rio e também para recuperar jogadores. Porém, mesmo com todo o tempo para apenas treinar, dois nomes importantes virão para Porto Alegre como dúvidas. O argentino Bordacahar, que se lesionou no tornozelo no jogo de ida, será aguardado até momentos antes do jogo. Iberico, usado no segundo tempo em Arequipa, fez o primeiro treino apenas nesta segunda-feira (8), devido a uma forte gripe.
Lavallen aposta em um Inter agressivo e que vai propor o jogo. Garante que, com esse desenho da partida, haverá espaços para contra-atacar.
— Sabemos jogar quando nos atacam. Estamos preparados para que proponham, teremos os espaços — previu o técnico argentino.
O Melgar deixará Arequipa nesta terça-feira (9), às 10h. Haverá uma escala em Lima, onde, às 16h, embarcam em voo fretado para Porto Alegre. Clube administrado pelo empresário Jader Rizqallah, um peruano descendente de libaneses, o Melgar talvez seja hoje o único do país a se dar ao luxo de bancar um avião exclusivo para sua delegação. Como a aposta é alta na Sul-Americana, Rizqallah abriu o cofre.