Talvez julho seja percebido lá na frente como o mês em que o Inter começou a sair do papel e virar o time e o clube projetado, lá no final de 2020, pela gestão Alessandro Barcellos. O plano de atualizar o clube e fazê-lo respirar melhor nas finanças sem perder competitividade em campo começa a dar sinais de cristalização.
Nesta quarta (20), contra o São Paulo, por exemplo. Mano Menezes chega sem nomes importantes, como os laterais Bustos e Renê, os meias Alan Patrick e Taison, e com o extrema Wanderson ainda finalizando recuperação depois de quase um mês.
Porém, há a reposição. Aos poucos, o grupo reformulado, com 13 novos nomes, começa a dar a resposta que se esperava quando o clube foi ao mercado garimpar nomes que nem sequer estavam na órbita dos torcedores e da mídia. Estavam apenas nos arquivos dos analistas do Capa.
É claro que o processo de montagem e remontagem de grupo, aqui no Brasil, é constante. Um vestiário, costumam dizer os especialistas, é um elemento orgânico, sempre em transformação. A partida desta quarta pode ser a de despedida de Moisés, que será emprestado ao CSKA Moscou e deixará alguns bons euros no caixa.
Outro que está se despedindo é Wesley Moraes, que chegou com cartaz de Premier League e está saindo para o Levante em busca de um lugar ao sol. E pode ser ainda a despedida de quem nem se apresentou, caso do volante Bruno Gomes, a caminho do Coritiba.
Todo esse movimento do grupo, que ainda terá novos nomes sendo negociados, faz parte de um processo de enxugamento solicitado por Mano Menezes, que pretende trabalhar com 30 jogadores, incluindo os quatro goleiros. Hoje, o grupo conta com 39 atletas. A redução também faz parte de uma reengenharia pretendida pela direção, de redução da folha e de criação de capacidade financeira para entregar ao técnico e ao torcedor o camisa 9 de hierarquia capaz de mudar o patamar do time na segunda perna da temporada.
Enquanto ele não chega, Mano segue em seu processo de construção de um time confiante e capaz de encarar os quatro jogos que virão nos próximos 15 dias. Não se constrói uma identidade de um dia para o outro, mas o Inter versão 2022 já começa a criar a sua.
Talvez o volante Gabriel seja o símbolo deste novo momento. Ele chegou para ocupar a vaga de Dourado, um jogador que virou uma das referências do Inter nos últimos sete anos, e do qual a torcida já nem lembra mais.