O Brasileirão começa no domingo para o Inter. Mas o estado de convulsão constante em que vive o clube já coloca matizes de decisão em um jogo da primeira rodada. Ou escapa com vida diante do Atlético-MG, ou se prepara para ser estremecido por mais um terremoto.
Mesmo que o jogo seja contra o atual supercampeão nacional, dono das taças do Brasileirão e da Copa do Brasil, que divide com o Palmeiras o status de melhor do país nestes primeiros meses de 2022. É o preço que o Inter paga por seus próprios equívocos, mas também por uma conta pesada de mais de uma década sem título significativo. Essa seca deixa à flor da pele a sensibilidade da torcida e reduz quase a zero a paciência. É preciso vencer, para ontem.
Há um combo nesta temporada que eleva a níveis estratosféricos a irritação dos colorados. Estamos apenas em abril, e o torcedor teve de digerir a queda para o Globo, a goleada de 3 a 0 no Gre-Nal, o título do Grêmio em um ano em que ele está na Série B e o vacilo na estreia na Sul-Americana diante do desconhecido 9 de Octubre. É fácil entender, portanto, a irritação dos torcedores.
Embora o Inter esteja passando por uma mudança de fotografia, com chegadas em bom número e algumas saídas no grupo, e um novo time em construção, é o resultado que move a opinião e determina o humor do torcedor. Sempre foi assim e, pela nossa cultura, levará muito tempo para que mude. Se é que vai mudar um dia. Somos passionais demais para lidar, no futebol, com um rasgo que seja de razão.
É nesse campo de resultados que entra a parcela de Cacique Medina. Há uma relação direta nesse começo de trabalho entre o que se vê em campo e o que vai no placar. O seu Inter é um time que não mostra para o torcedor um norte. Muitas vezes, os técnicos demoram um pouco até colher o resultado. Porém, há casos em que o torcedor percebe que as vitórias estão logo adiante naquele caminho escolhido pelo seu treinador.
O trabalho avança, o time ganha consistência e, quando dá liga, começa a ganhar e a embalar. Foi assim, por exemplo, com Diego Aguirre em 2015. Começou cambaleante, se equilibrou e, quando se aprumou, caminhou firme. Em 2006, para pegar outro exemplo, foi assim também com o time de Abel Braga.
Medina ainda procura seu melhor Inter. Parecia que o tinha encontrado ao sair vitorioso da Arena, algo que o Inter só tinha conseguido uma vez e não repetia havia oito anos. Porém, o que se viu no Equador, principalmente no segundo tempo, foi uma revogação do que tinha dado certo e apostas em jogadores que parecem estar fora do circuito, como Dourado, ou deveriam estar, como Caio Vidal.
Esses percalços do técnico, misturados com a ansiedade de um torcedor ávido por títulos e uma renovação em curso no vestiário, deixam o Inter desprovido de uma bússola neste começo de abril. Mais do que isso, criam um ambiente de instabilidade que faz cada jogo parecer uma final. E não há time que consiga jogar pela vida quarta e domingo.