Foi só o primeiro jogo do ano, ainda com efeitos da pré-temporada. Por isso, a vitória de 2 a 1 sobre o São José precisa ser saudada. O importante, na tarde de feriado de Navegantes, era vencer e dar sinal aos torcedores de que haverá ferramentas para construir uma temporada alvissareira. Ou seja, valeu o resultado. Mas é preciso, evidentemente, levar lições e conclusões desta estreia em 2022.
Vagner Mancini deu mostras de que busca para o seu Grêmio um time agressivo pelos lados de campo, com jogadores agudos. Orejuela e Janderson, pela direita, são agudos e fizeram boas articulações. Quando o lateral avançava, Janderson partia para dentro. Na fase defensiva, eles formavam uma dobradinha para fechar o corredor. No lado esquerdo, isso se repetia. Embora com mais dificuldades por parte de Diogo Barbosa quando atacado. No meio, Campaz ganhou livre circulação, foi agressivo com a bola, procurou sempre fazer conexões ofensivas e saiu de campo aplaudido, com um golaço de falta e o passe para o gol marcado por Diego Souza.
O modelo de jogo está claro. Porém, é preciso avançar e atentar-se para as correções. O São José é um time organizado, que joga sem receio, gosta da bola e faz uso dela. Isso ajudou muito o Grêmio a fazer observações. Lucas Silva e Thiago Santos foram envolvidos quando a articulação do Zequinha transitou pelo meio. Diogo Barbosa é um ponto de atenção. Errou três lances seguidos, um deles no gol, e ouviu-se murmúrios de boa parte dos mais de 8 mil gremistas que foram à Arena. A bola aérea entrou com frequência. Inclusive, foi a partir dela que veio o empate.
Em resumo, o começo gremista foi marcado por 30 minutos de amplo domínio, no começo, e depois por oscilações e até uma preocupante prostração do time. Tanto que, quando chega ao 2 a 1, em jogada individual de Ferreira em contra-ataque, era o São José quem comandava as ações e tinha a bola. São alertas que ficam. Porém, é só primeiro jogo e o começo de um trabalho, apesar de a base e o técnico serem os mesmos de 2021. Porém, a realidade e o contexto são outros. Assim como o olhar da torcida, que está menos tolerante e esperando uma resposta imediata.
OLHO NELE
Muitos torcedores devem ter se perguntado quando o guri de cabeça raspada e camisa 59 entrou: quem é esse? Gabriel Silva, 19 anos, se apresentou em alto nível. Foram necessários 15 minutos em campo. Ele entrou aos 35 minutos do segundo tempo, no lugar de Janderson, e confirmou as expectativas que nutre na Arena. Promovido depois da Copa SP ao lado de outros três garotos, o meia chamou a atenção de Vagner Mancini nos treinos das últimas semanas. Na sua estreia, contra o São José, ele ocupou o lado direito e, por pouco, não se consagrou com um golaço. Em lance individual, entrou a dribles e acertou a trave já de dentro da área.
Gabriel Silva veio para o Grêmio depois da Copa SP de 2019. Havia sido um dos destaques do São Caetano na competição com apenas 16 anos. No CT de Eldorado do Sul, foi integrado ao sub-17, com contrato até a metade de 2021. Ele confirmou tudo o que havia mostrado no São Caetano e acabou adquirido. O novo contrato vai até o final de 2025. O Grêmio enxerga em Gabriel Silva uma boa oportunidade de repetir o sucesso obtido com Matheus Henrique. O modelo de negócio é mesmo, em uma parceria com o São Caetano. Pelo novo contrato, Gabriel tem multa de 40 milhões de euros.