O Grêmio de Felipão já tem um símbolo. O torcedor pode contestar, pode até torcer o nariz. Mas essa retomada azul tem Alisson como emblema. Talvez ele seja o jogador que mais represente esse começo da "Scolarização", de um time abnegado, esforçado e que prime pelos processos coletivos, deixando para um segundo momento o jogo mais virtuoso e plástico. Não foi à toa que Felipão, depois do 1 a 0 sobre o Fluminense, enfileirou elogios a Alisson. Chegou a definir como o tipo de "jogador que qualquer treinador quer".
Alisson jogou as três primeiras partidas nesta nova Era Felipão. Seguirá no time, embora sofra restrições do torcedor, que vê nele muita transpiração e pouca criação. Com Renato, o processo era parecido, com contestações à sua condição de titular absoluto. A presença de Alisson no time agora tem a ver com sua característica, de ser um jogador com espírito coletivo à frente do individual. Porém, vai além. Felipão detectou na sua chegada que o time vazava muito pelos lados do campo. Por isso, lançou Alisson pela direita, para dar suporte a Vanderson, e apostou em Cortez, cuja característica como lateral é mais defensiva.
Nesse caso, estamos lidando com dois jogadores cujo conceito com o torcedor é reduzido. Felipão vai bancá-los e usará, para isso, seu cartaz com os gremistas. Ainda mais que, nessa primeira etapa de trabalho, a estratégia é simples e objetiva: fechar-se bem, evitar levar gol e, se der, buscar o 1 a 0, que terá tamanho de goleada.
Para isso, é necessário contar com jogadores mais abnegados do que virtuosos. Se vierem com as duas características melhor. Se tiver apenas uma delas, que seja a primeira. Portanto, nesse Grêmio que começa a escalar o poço para ver a luz, acostumem-se com Alisson e Cortez. E preparem-se para ver em campo nomes como Léo Pereira, Churín, Luis Fernando e garotos sedendos por espaço, como Fernando Henrique e Sarará.
Darlan
A pergunta vem sempre nas minhas redes sociais: por que Darlan está atrás na fila de meio-campistas do Grêmio? Essa é uma pergunta que instiga. Trata-se de um jogador de boa técnica, com um retrospecto positivo quando esteve em campo e que, no dia a dia, é definido como um garoto "trabalhador" e "centrado". Porém, mesmo com todos esses predicados, ele sempre careceu de sequência com Renato e pouco teve com Tiago Nunes, que colocou à sua frente Lucas Silva e, depois, Bobsin.
O que se diz sobre Darlan está relacionado à questão de um jogo mais físico, e isso o desfavoreceria. Ainda mais agora com Felipão, que aposta em um time com mais imposição e combatividade no meio-campo. Aliás, essa mudança no estilo de jogo, com mais confrontos e transições rápidas, quase diretas, respingará também em Matheus Henrique. O Grêmio retoma, com Felipão, aquela ideia de futebol que marcou o DNA do clube e acabou alterada para um modelo técnico e de proposição à base de toques e controle da bola, principalmente, a partir dos volantes.
Sendo assim, Matheus encontrará uma nova dupla de volantes, mais alta e mais física. Não descarto que formada por Thiago Santos e Fernando Henrique. Se quiser cavar seu lugar, terá de adotar um jogo mais vertical quando voltar de Tóquio. Se é que voltará. Na Itália, seu nome já consta no noticiário como no radar do Sassuolo.