A goleada do Inter sobre o Juventude trouxe para o centro do debate um murmúrio que já ganhava volume: Yuri e Galhardo podem jogar juntos? Na minha opinião, podem. Aliás, até Marcelo Lomba e Danilo Fernandes podem jogar juntos. Desde que só um coloque a mão na bola, tudo seja treinado e outro assuma atribuições que sejam estranhas ao que está acostumado a fazer.
É claro que há um exagero na comparação, mas a lógica é essa. Miguel Ángel Ramírez pode escalar Yuri e Galhardo juntos já na noite desta terça-feira (11), contra o Táchira, em San Cristóbal, numa Venezuela que é andina e um pouco Colômbia pela fronteira distante apenas 40 quilômetros. Mas isso vai além de uma simples escalação.
As virtudes técnicas de Yuri Alberto e Thiago Galhardo tornam quase uma obviedade que estejam juntos em campo. Só que time de futebol não é, nem nunca foi, 11 individualidades formando um conjunto. Pelo contrário: trata-se de um coletivo que potencializa individualidades. Para que isso aconteça, elas precisam estar inseridas nesse processo coletivo e se completando umas às outras. É como um encaixe de peças de quebra-cabeça.
Yuri até pode ocupar a vaga deixada por Palacios, hoje o atacante pelo lado direito. Mas, para que isso aconteça pura e simplesmente, ele precisa assumir outras tarefas do chileno, como as de marcação e recomposição. Por isso, a simples troca de um nome pelo outro me parece pouco provável neste fim de tarde venezuelano.
Pode ser que Ramírez, em suas sessões de treinos no CT a que não temos acesso, já tenha treinado outro sistema que encaixe os dois lado a lado e sem violentar suas características. Vale lembrar que, contra o Always Ready, o espanhol voltou do intervalo com Yuri e um sistema que contemplava dois atacantes.
Na sua estreia, contra o Ypiranga, os últimos 30 minutos foram com Yuri e Guerrero no ataque. Em ambos os casos, no entanto, houve mudança de sistema tático. Pode até ser que o torcedor veja seus dois principais atacantes do momento juntos em San Cristóbal. Só que, se isso for no 4-3-3 que vem sendo utilizado, Yuri será menos Yuri. E talvez não ajude Galhardo a ser mais Galhardo.
