Estão debochando da nossa cara. E rindo sem parar. Teremos Copa América no Brasil, esse país que choca o mundo pelo descaso com que seu governo lida com a pandemia. Esse país que perde 1,8 mil pessoas por dia (conforme a média, pela média móvel dos últimos 14 dias, no levantamento do consórcio de veículos de imprensa). Esse país que recusou ofertas de vacinas lá atrás e, agora, tem apenas 10,4% da população imunizada com a segunda dose.
Não há clima nem ambiente para uma Copa América aqui. Não há razão para se jogar uma Copa América em qualquer lugar do mundo. Me respondam: você sentiria falta da Copa América se ela não saísse? Tenho certeza de que não. Será a quarta edição em sete anos.
Jogar essa competição desinteressante só se explica pelo negócio que ela envolve.
É puro negócio, ganância que passa por cima do respeito à vida. Que ignora o momento delicado que vivemos na América do Sul. Somos a porção do mundo que mais perde gente por covid-19 desde março. Passamos a Europa em março e já abrimos uma boa distância.
Segundo dados da "Our World in Data", temos uma média de 7,79 óbitos por dia para cada 1 milhão de habitantes. Esse índice na Europa é de 1,86 e na América do Norte, 1,80. Estamos muito longe da média mundial, de 1,41. Mas teremos Copa América.
Meu sonho é de que jogadores com o tamanho de um Messi, um Neymar, um James Rodríguez, um Cavani e um Suárez façam por nós o que a Conmebol e o governo brasileiro não fizeram: desistam da Copa América.
Digam não a esse escárnio do qual estamos sendo vítimas. Usem sua voz para que o mundo veja o absurdo a que estaremos presenciando in loco, de ter uma competição de seleções sem propósito enquanto lutamos — e perdemos — para o coronavírus dia após dia.
Copa América, não!