Prepare-se. Pode ser que, em dois ou três anos, o Grêmio e o Inter tenham de enfrentar, no Gauchão, o Marítimo, de Portugal. O clube tradicional da Ilha da Madeira ajusta os últimos detalhes para estrear no futebol profissional com sua filial brasileira, instalada em Canoas.
Os gajos assumiram a gestão do complexo esportivo da Ulbra e estão finalizando reformas e algumas adequações para abrigar, a partir do segundo semestre, os jogos da sua equipe na Copa FGF.
A criação de um clube, com registro na Federação Gaúcha de Futebol e todas as categorias, do sub-9 ao profissional, é a segunda fase de um projeto de expansão do Marítimo aqui no continente. A primeira etapa levou seis anos foi concluída quando o clube alcançou o número de 72 unidades de sua escolinha de futebol na América.
A grande maioria delas está no Brasil, mas há filiais na Argentina, no Uruguai e nos Estados Unidos. Aqui no Rio Grande Sul, há unidades espalhadas por todo o Estado e em polos importantes, como Carazinho, Passo Fundo, Santa Maria e Caxias do Sul.
O plano do Marítimo é, mais do que buscar, formar com seus métodos jogadores que, no futuro, abastecerão a matriz na Ilha da Madeira. O projeto de expansão é a menina dos olhos do presidente Carlos Pereira, que assumiu o clube há 23 anos e tem sua longa gestão marcada pela ousadia.
Foi assim com a construção do estádio na Ilha da Madeira, considerado um dos mais modernos do país. Depois da inauguração, em 2016, Pereira colocou em marcha o sonho de internacionalizar o Marítimo e criar um posto avançado na América do Sul.
Para capitanear o projeto, por ironia, o presidente não escolheu alguém vinculado ao futebol. A missão foi entregue ao ex-jogador de vôlei Mauro Rocha, que foi ponta da ginástica de Novo Hamburgo e da Frangosul. Depois de se aposentar, Rocha integrou a comissão técnica de Bernardinho e também participou da gestão de projetos do técnico fora das quadras.
Coube a Rocha cuidar da instalação das 72 unidades das escolinhas do Marítimo do lado de cá do oceano. Nos registros, ele é o presidente do Marítimo Brasil, como foi batizado o clube. Mas, no organograma, ele é apenas o coordenador que se reporta aos dirigentes da Ilha da Madeira.
Até a próxima semana, Rocha e suas comissões técnicas finalizam as avaliações. A categoria sub-20 está fechada. A sub-17 ainda faz testes. A ideia é que, da sub-13 para baixo, os jogadores venham das escolinhas. Todos os professores e treinadores foram capacitados em cursos ministrados aqui por profissionais do Marítimo. A metodologia foi desenvolvida por Nuno Naré, que trabalhou com Cristiano Ronaldo até ele virar profissional, aos 17 anos, no Sporting Lisboa.
Com o registro na FGF, a ideia de Rocha era de que os times sub-20 e sub-17 já participassem das competições estaduais neste primeiro semestre. Porém, elas foram adiadas pela pandemia. O time profissional para a Copa FGF será montado com, pelo menos, 10 jogadores vindos da Ilha da Madeira.
A comissão técnica também será enviada pela matriz. Até o meio do ano, se não houver postergação pelo coronavírus, o grupo estará treinando na Ulbra. A casa, pelo menos, já está pronta à espera do novo time. A estrutura é de primeira, com estádio para 6 mil pessoas, quatro campos de treinos, piscina, quadras de futebol sintético, ginásio academia.
— Viemos para ser coisa grande. Trilharemos todos os caminhos até chegar (às divisões principais) — diz Rocha.