Rolando Bellido assumiu no final de 2012 o desafio de evitar que a sua Ayacucho ficasse sem futebol. O Inti Gas, clube que era mantido pela companhia de gás homônima, atravessava um momento ruim e sinalizava com deixar a cidade e o departamento de Huamanga. Engenheiro civil com negócios no ramo da construção, Bellido decidiu se tornar o dono do Inti Gas, que vinha de três participações na Copa Sul-Americana e tinha colocado a região sul no mapa do futebol peruano em um começo auspicioso. No começo de 2014, Bellido decidiu aproximar o clube-empresa da população.
O primeiro passo foi trocar o nome de Inti Gas para Ayacucho FC. O uniforme também mudou, do celeste e branco, para o laranja e branco, com inscrições Huari, uma das civilizações que, no século VII, se desenvolveram ao longo da Cordilheira dos Andes — e cuja capital homônima se localizava a menos de 30 quilômetros de onde hoje está Ayacucho. Os Huaris, inclusive, foi um dos modelos para os Incas pelo sistema de caminhos que haviam desenvolvido. História à parte, o fato é que o Ayacucho chegou a Porto Alegre justamente pensando em escrever a sua própria na Arena. Por telefone, a coluna conversou com Bellido. Confira trechos.
Quem é o Ayacucho?
Somos um clube da província de Ayacucho, com sede na capital, Huamanga, reconhecida no Peru por ser a "Cidade das 33 igrejas". As festas da Semana Santa levam milhares de pessoas à região. O Carnaval também é um dos pontos altos da festividade. Chegamos à Libertadores depois de ganhar o Clausura peruano, mas perdemos na semifinal para o Sporting Cristal e não fomos à final.
O que representa para o seu clube chegar à Libertadores e jogar contra um grande brasileiro?
Já tivemos três participações em Copas Sul-Americanas em nossa história (na época, o time era Inti Gas). Agora, chegamos à Libertadores pelas nossas conquistas no campo. Vir ao Brasil é algo que desafia qualquer clube do continente. Será um momento especial.
Acredita que será possível surpreender o Grêmio, tricampeão da América, em seu estádio?
Enfrentar qualquer clube brasileiro dentro de seu estádio é sempre um desafio para qualquer clube da América do Sul. Mas é esporte e tudo é possível. Nos preparamos para vir aqui fazer esse confronto.
O quanto representa para o Ayacucho, em seu orçamento, jogar essa segunda fase da Libertadores?
A Conmebol já tem definida suas cotas e a distribuição delas. Somos um clube com uma boa organização financeira, que vive dentro de sua realidade.
O quanto atrapalha os planos do clube sair do Peru para o jogo de volta?
É uma situação que está posta pelas autoridades, que vedam a entrada de voos brasileiros no Peru. Nos resta seguir as recomendações, respeitar o que está posto. Estamos apenas à espera do sinal verde para se dirigir ao Equador.
A delegação deixará Porto Alegre direto para Quito?
Sim, como disse, estamos apenas esperando as autorizações para tomarmos o caminho de Quito depois da partida aqui em Porto Alegre. Nosso plano é ir direto, se assim for permitido.
Há algum medo ou receio por estar no Brasil, justamente em momento de alta da covid-19?
Esse é um flagelo que atinge o mundo inteiro. Claro que, neste momento, aqui no Brasil a pandemia se espalhou mais. Mas estamos seguindo os protocolos, respeitando as normas e tomando os cuidados que já vínhamos tendo no Peru.