Lisca colocou em discussão os riscos de começar uma Copa do Brasil que conectará o Norte ao Sul de um país em colapso pela pandemia. Há o temor de ver delegações singrando o Brasil em longas viagens e com conexões em aeroportos lotados. Sem citar o nome, Lisca usou como exemplo o Ypiranga, que tem encontro marcado com o Penarol, em Manaus – o time é de Itacoatiara, mas mandará a partida na capital amazonense. O que não altera o tamanho do problema, já que a cidade é epicentro nacional da nova cepa do vírus da covid-19. A partida está marcada para 18 de março.
Por isso, a coluna foi ouvir Renan Mobarack, executivo de futebol do Ypiranga, para saber como o clube encara esse desafio de estrear na mais democrática competição do nosso futebol em meio à guerra sanitária que travamos com o vírus. Confira.
A entrevista do Lisca trouxe à tona a discussão sobre os riscos de jogar a Copa do Brasil em meio à pandemia. Inclusive, cita o Ypiranga, que atravessará o Brasil, como exemplo. Qual a posição do clube?
Sabe que, para a realidade de um clube como o nosso, essa competição é vital. Temos de jogar pela sobrevivência econômica do clube e das famílias de quem aqui está. Para jogar lá em Manaus, estamos organizando uma logística especial. Ajustamos com o hotel um andar isolado para o clube, com refeitório exclusivo para a delegação. Vamos testar todos antes de viajar. Mudei a saída do voo para Porto Alegre, em vez de Chapecó, justamente para isso. Quando voltarmos, testaremos todos mais uma vez. Só depois de termos os resultados, voltaremos para Erechim. Ou seja, ficaremos mais um ou dois dias em Porto Alegre.
Qual será o trajeto da viagem?
Pedi à CBF as passagens saindo de Porto Alegre, com conexão em Brasília. É preciso esperar para saber se haverá esses voos. Vamos sair daqui dia 16, uma terça-feira. O deslocamento deve ocupar o dia inteiro. Descansamos no dia 17 e jogamos dia 18. A volta se iniciará horas depois da partida, na madrugada de sexta-feira, dia 19. O plano é, nesse mesmo dia, fazer os exames de covid e aguardar os resultados para, talvez, no sábado, retornarmos para Erechim. Nesses deslocamentos todos e na estada nos hotéis, o rigor sanitário será o mesmo adotado na Série C, com todos em isolamento, muito álcool gel, máscara o tempo todo, no avião e no hotel. O objetivo é evitar ao máximo qualquer tipo de exposição.
Esses testes são pagos pelo próprio clube?
Na Série C, a CBF pagou os testes para 20 jogadores e o técnico. Receberemos nesta sexta-feira (5) o protocolo da Copa do Brasil. Não sabemos se ela bancará. Mesmo que isso não aconteça, já estamos pagando no Gauchão. Não tem problema pagar mais alguns, pela segurança de todo mundo. Temos de zelar pela saúde de todos no clube, das famílias e da comunidade de Erechim. Não podemos trazer o vírus para a cidade. Nesses dois dias que ficaremos em Porto Alegre, os testes e as hospedagens serão por nossa conta. Testaremos até o motorista do ônibus.
Quanto custa cada exame?
Pagamos R$ 250 por exame. Temos, se repetir protocolo da Série C, 21 bancados pela CBF. O restante, somos nós que custeamos. Assim como esses da volta de Manaus. Se houver algum caso positivo nesses, deixamos em isolamento em Porto Alegre.
Tem o agravante de que Manaus é o local com a nova cepa do vírus.
Sim, mas essa cepa já está aqui, foi identificada entre a nossa população, infelizmente.
Há algum medo em cruzar o Brasil para jogar contra o Penarol?
Sinceramente, não estamos com medo. Focamos muito na segurança do protocolo da CBF. Nosso protocolo interno tem sido rígido também. No dia a dia, somos rigorosos com os cuidados. Tivemos todo o controle necessário na Série C. Fomos duas vezes para Belém e estivemos em outros lugares do Brasil. Sabemos o que pode ser feito e o que não pode. No hotel lá em Manaus, por exemplo, solicitei protocolo especial, com os mesmos atendentes a serviço da delegação no período em que estivemos lá. Exigimos contato apenas com essas pessoas específicas.
O Ypiranga tem boa estrutura e essa experiência com o protocolo sanitário por ter jogado a Série C. Mas será que o Penarol, um clube de menos condições financeiras, adota o mesmo rigor?
Para que possam jogar a Copa do Brasil, eles têm de atender ao protocolo da CBF. Vamos com a confiança de que ele é rígido. Outra, a CBF envia pessoas ao estádio para conferir tudo. Esses exames prévios ao jogo precisam ser enviados ao departamento de saúde, chefiado pelo médico Jorge Pagura.
Quantas pessoas viajarão para Manaus na delegação?
Serão 20 jogadores e mais 10 pessoas, entre comissão técnica e direção.
O Ypiranga, como enfrenta o Inter três dias antes da viagem, ficará mais de uma semana com os jogadores confinados?
Sim, temos essa partida no Beira-Rio contra o Inter, em Porto Alegre, no sábado, dia 13. Chegamos na sexta-feira e já ficamos até o começo da viagem para Manaus. Mas isso é o menor dos problemas. No ano passado, ficamos 15 dias confinados em Bento, para a reta final do Gauchão.