O Inter pode colocar na conta de Coudet os três pontos que o fizeram acordar no domingo como líder do Brasileirão. Foi uma vitória do técnico, de sua mão e, principalmente, de sua cabeça para vencer o jogo de xadrez que virou o confronto com Jorge Sampaoli.
Não foi uma atuação luxuosa no aspecto plástico. Mas de extrema eficiência tática. Coudet e Sampaoli protagonizaram na noite fria de Porto Alegre uma disputa que merece ser reprisada em cursos de treinadores. Cada movimento de peças no gramado do Beira-Rio tinha resposta imediata, e isso deu ao jogo intensidade e briga por cada metro quadrado do campo.
A liderança precisa ser saudada, assim como o rendimento que Coudet consegue extrair dos jogadores. Porém, ficou escancarado que, para pensar alto no Brasileirão, o Inter terá de entregar mais ferramentas ao seu técnico. Hoje, podemos dizer que há um time robusto para colocar em campo. Mas taças exigem mais do que um time apenas, cobram grupo.
A direção busca um centroavante para o lugar de Paolo Guerrero, que deixou um rombo no ataque. Porém, as demandas a cumprir até fevereiro exigem bem mais: um segundo centroavante, um meia para alternar com Edenilson e Patrick, de taxa elevadíssima de entrega, e mais um lateral-esquerdo com melhor acabamento técnico, embora Moisés tenha se mostrado uma fortaleza defensiva desde a atuação ruim do Gre-Nal.
A liderança, repito, reflete a qualidade do trabalho de Coudet e premia uma equipe extremamente aplicada e abraçada à ideia do seu técnico. Mas essa liderança sustentada por campanha com 80% de aproveitamento também mostra que o calendário cobra um preço alto de quem vive no limite. E o Inter de Coudet não só está vivendo no limite como jogando nele.