Preste atenção nos jogos do Campeonato Espanhol nesta retomada a partir de quinta-feira (11), com o clássico Betis x Sevilla. Você terá uma experiência de futebol ao vivo com padrão de videogame. A começar pela torcida nas arquibancadas. A La Liga criou em parceria com a empresa norueguesa VIZRT uma arquibancada virtual. Você sentado diante da sua TV verá como pano de fundo imagens digitalizadas e sobrepostas em escala de torcedores paramentados com as cores dos donos da casa.
A grande sacada, no entanto, está na oportunidade de negócios que essa ferramenta oferecerá. Quando partida for interrompida, a imagem dos torcedores poderá virar uma tela com as cores do time e que terá espaço para mensagens institucionais ou comerciais. A VIZRT tem em sua carteira de clientes outras grandes ligas europeias, para quem cria soluções digitais.
Além de torcida virtual, a transmissão também terá o som ambiente de torcida. Que foi buscado no banco de dados da EA Sports Fifa, uma das principais desenvolvedoras do universo dos games. Batizado como Sounds of the Stands (os sons da arquibancada), esse projeto permitirá que os sons captados pela EA em estádios mundo afora sejam usados em situações determinadas dos jogos, como gols e faltas. A EA é um dos patrocinadores oficiais da La Liga.
A Mediapro, parceira e responsável pela transmissão dos jogos, também foi convocada para entrar em cena. Como forma de compensar o telespectador pela ausência de atmosfera da torcida nos jogos, a La Liga prepara mudanças nos posicionamentos das câmeras que captarão as imagens. O plano é oferecer novos ângulos. Os equipamentos serão instalados em espaços que seriam impossíveis de ocupar em jogos com público, por atrapalharem a visão. Um exemplo disso será a câmera área, que poderá fazer movimentos e mudanças de trajetórias novos, emprestando ao jogo real um ar de videogame.
La Liga mundial
A Liga que reúne os clubes espanhóis mirou-se no exemplo inglês para virar também global. Primeiro, com o fim do que ficou conhecido no mercado como "espanholização das cotas", na qual Real e Barça embolsavam a maior parte das receitas de TV e desequilibravam ainda mais o campeonato. Depois, com ações que fizeram os jogos se tornarem mais atraentes e a chegarem em horários mais convidativos para o público estrangeiro.
As partidas não se encerram em si. Há uma gama de produtos digitais, Apps, games e ações nas redes sociais que estimulam o engajamento dos fãs. O setor digital, aliás, é central. Seu diretor foi buscado no Facebook. Em janeiro, a La Liga comemorou a marca de 100 milhões de seguidores em suas redes sociais. Em 2013, eles eram 3,9 milhões.
Mais do que organizar uma competição, a La Liga virou produtora de conteúdo. O homem por trás disso é o advogado Javier Tebas, 57 anos. Ele assumiu o cargo de presidente em 2013/2014 e colocou como missão fazer do Campeonato Espanhol algo global e além de Real e Barcelona. Em dezembro, foi eleito para o terceiro mandato. Para se ter uma ideia, quando assumiu, a La Liga tinha 50 funcionários. Hoje, são 500, espalhados na Espanha e em escritórios mundo afora, em cidades como Pequim, Shanghai, Nova York, Johanesburgo Dubai e São Paulo.