O Esportivo talvez seja o primeiro clube no Brasil a retomar as atividades, paralisadas há mais de um mês devido à pandemia de coronavírus. Às 15h da quinta-feira (16), no Estádio Montanha dos Vinhedos, os 24 jogadores e a comissão técnica foram para o campo.
A decisão de reabrir as portas, me contou por telefone o presidente Laudir Picolli, foi tomada entre a noite de quarta-feira e a manhã de quinta. O clube se beneficiou do decreto do prefeito de Bento, Guilherme Pasin, pela manhã. Nele, fica autorizado o funcionamento das atividades em clubes e centros esportivos, desde que adotadas as medidas de contingenciamento do público.
Por exemplo, a Montanha dos Vinhedos não poderá receber mais do que 30 pessoas. O que restringirá o acesso aos treinos a apenas jogadores e à comissão técnica. Até mesmo o acesso dos conselheiros e dirigentes será controlado. Picolli defende a retomada pelo que considera a busca por um equilíbrio entre as exigências sanitárias e a necessidade de reativar as atividades econômicas sob pena de haver um colapso social.
A volta das atividades do Esportivo, defende o dirigente, também ajudará a dar uma cara de normalidade à cidade. Bento está no grupo de 14 cidades da Serra que tiveram flexibilizadas algumas regras de distanciamento social, como a abertura do comércio, em decreto assinado pelo governo do Estado.
O presidente recebeu todos os jogadores na quarta-feira (15) para a assinatura do novo contrato. Os assinados para o Gauchão se encerraram e foi acertado com o grupo a renovação com salários 70% menores. Conforme ele, foi coincidência a data marcada com os atletas e a liberação das atividades em ambientes esportivos decretada pelo município. Como já havia recebido sinais de Pasin, que lidera uma associação de prefeitos da região, deixou os jogadores de sobreaviso.
No primeiro dia, todos se apresentaram juntos e passaram por verificação de temperatura. O treino também aconteceu com o grupo todo no campo, o que vai contra o protocolo produzido pela Comissão Nacional de Médicos da CBF, a pedido da entidade. A ideia, a partir desta sexta-feira (17), é de que o preparador físico elabore programa de trabalho que atenda às recomendações de proteção à covid-19.
O clube também atenderá às exigências listadas no decreto municipal, como higienização frequente dos espaços de uso comum e distribuição de álcool gel. Os funcionários do clube seguem de férias e apenas a área do futebol está reativada. Perguntado sobre os riscos de voltar à atividades em um cenário de pandemia, Picolli garante que todas as medidas de segurança serão tomadas.
— O risco existe sempre. Posso estar saindo de casa e um avião cair no meu prédio. Estamos tomando todas as medidas, tudo é calculado — garante o presidente, que diz estar com recursos para manter salários e os custos do clube por três meses.
O Gauchão está paralisado por tempo indeterminado. Uma nova rodada de conversas entre os dirigentes, na FGF, deve ocorrer na próxima semana.