Danny Morais percebeu que, nos desafios lançados pelos jogadores nas redes, como fazer embaixadas como rolo de papel higiênico, havia uma força tremenda a ser usada na luta contra a covid-19.
A ideia de criar um site para leiloar a sua camiseta e de companheiros do Santa Cruz, em poucos dias, ganhou músculos e se tornou uma corrente com jogadores como Alisson, o melhor goleiro do mundo, e grandes ídolos, como os pentacampeões Denílson e Cafu e o astro Kaká.
Danny começou a semana capitaneando um site em que camisetas autografadas doadas por jogadores serão vendidas e entregues na casa de quem estiver disposto a transformar sua paixão em solidariedade.
Todo o dinheiro arrecadado no desafiocorona.com.br será destinado ao Instituto da Criança, que com sua expertise na área destinará a entidades que estão na linha de frente desta luta contra o coronavírus. Por telefone, desde sua casa, em Recife, onde segue à risca a recomendação de FICAR EM CASA, o zagueiro criado no Inter e neto do lendário Valdir de Morais conversou com a coluna.
Como surgiu a ideia de engajar os jogadores nesta luta?
Começou de forma simples. Em casa, de quarentena, e estou respeitando muito essa orientação, vi, que começaram surgir desafios entre os jogadores, como o da embaixadinha com o papel higiênico ou a brincadeira com o filho. Participei também, mas pensei em como fazer algo para mobilizar a comunidade do futebol, que muita gente segue. Como poderíamos transformar em um "desafio do bem", para agregar algo e reverter para quem precisa. A primeira ideia foi pegar a minha camisa do Santa Cruz , leiloar e doar para um lar de idosos. Pesquisei e não encontrei meios de fazer isso. Daí, liguei para o Guilherme Alf, um relações públicas amigo meu, gaúcho, mas radicado em São Paulo, e expus a ideia. Foi quando ela começou a crescer, o Guilherme está acostumado a fazer isso.
De que forma se deu o engajamento dos jogadores?
Muita gente quis participar. A empresa que fez o site entrou de cabeça. As assessorias de jogadores usaram suas amplas redes de atletas. Alguns empresários também vieram participar. Assim, se formou esse time. Convidei o Alisson, o melhor goleiro do mundo, e o Denílson, que tem grande visibilidade, como embaixadores. Através dessas empresas de assessorias, o projeto tomou proporção muito maior. Atingimos uma gama maior de atletas.
Como será o caminho entre a camiseta ser doada e o recurso chegar ao seu destino?
Criamos um site para as pessoas comprarem essas camisetas, por um valor já fixado, que será destinado para o Instituto da Criança, entidade que escolhemos para ser responsável por gerir e distribuir os materiais médicos que serão comprados e encaminhar a ajuda para as famílias atingidas econômica e socialmente pelo vírus. O Instituto é que repassará para as demais entidades, de acordo com a emergência delas.
Quanto tempo transcorreu entre a ideia e a colocação do site no ar?
Em uma semana, saiu do papel, nossa ideia era até lançar antes, pela urgência em ajudar essas entidades. Queríamos tirar do papel em dois ou três dais. Mas muita gente começou a aderir, tivemos de elevar o nível de organização e não tivemos tempo hábil para fazer o lançamento. Que só aconteceu no domingo, às 16h. O dia e a hora foram simbólicos, por ser o tradicional do futebol.
O projeto segue aberto para quem mais quiser se engajar, é evidente
Sim, muito aberto. Está crescendo. O que fizemos agora foi só um pontapé inicial. Muitos jogadores entraram em contato depois do lançamento. Quero registrar aqui que não conseguiria alcançar esse número de jogadores não fosse o apoio das assessorias de imprensa. Algumas trouxeram até 40 atletas, nomes de expressão, alguns inimagináveis, que eu não conseguiria alcançar. Ex-jogadores, através do Denílson, estão doando, Minha ideia nunca foi tão grande, com tanta gente engajada e que comprou essa briga.
Como Alisson como embaixador, imagino que a série de relíquias comece pela camisa dele, do Liverpool. Estou certo?
Tem a dele, sim, do melhor goleiro do mundo. Através do Denílson, atingimos o Kaká, que nos enviará uma camisa dele do tempo de São Paulo, o Lugano, o Cafu, que já mandou uma do tempo de Milan. Há modelos bem específicos, pela dificuldade de ter acesso. O Sobis me enviou uma do Ceará, e o Marcelo Boeck, do Fortaleza. O Alemão, com quem joguei, mandou uma do Figueirense, e o Betão, a do Avaí. É a amostra de que o Brasil inteiro precisa participar e fazer o bem. Podemos ter as nossas brincadeiras nas redes, são saudáveis para passar o tempo, mas também podemos nos unir para fazer o bem
Pode dar o serviço. Quem quiser comprar a camiseta, como faz?
Não é um leilão. O que temos é um valor estipulado conforme a raridade da camiseta. Quem quiser, também pode fazer doações em dinheiro, que vão de R$ 20 a R$ 1 mil. Acessa lá e ajuda: desafiocorona.com.br.