Poucos imaginavam que aquele jogador de temperamento forte e excêntrico viraria um dos principais técnicos da nova geração argentina, atualmente cotado para ser o treinador do Inter. Pois Eduardo Coudet amadureceu e deixou no anedotário do futebol portenho algumas histórias saborosas. Claro que, como técnico, ele adotou uma postura mais contida. Mas, mesmo assim, segue com uma postura fora da curva. Confira abaixo:
Motorista do ônibus
No Platense, da Grande Buenos Aires, Coudet dava seus primeiros passos no time principal. Era apontado como uma das boas promessas do clube, ao qual chegou com 14 anos. Certo dia, antes de um treino, embarcou no ônibus e ficou à espera da comissão técnica com os companheiros. Foi quando resolveu mostrar suas habilidades como motorista. Assumiu a direção e levou a turma para dar uma volta na quadra. Só que, ao chegar à esquina, não conseguiu dobrar. Também não conseguiu dar ré para voltar. A saída foi todos voltarem a pé e encontrarem o técnico em frente à concentração, estupefato com o caçulas do grupo.
Rosario até a morte
Coudet é de Buenos Aires e começou sua carreira no Platense, de Vicente López, na região metropolitana. Mesmo com a passagem de quatro anos pelo River, seu coração está mesmo no Rosario Central. Chegou ao Gigante de Arroyito depois de sair do Platense. Conquistou a Conmebol de 1995, ao fazer 4 a 0 em Rosario e levar a decisão para os pênaltis. O jogo foi tão marcante para Coudet que, passados alguns anos, convenceu a mulher a adiar o parto de sua filha em dois dias. A razão: queria que ela nascesse no mesmo 19 de dezembro daquela jornada épica do Rosario, o clube dos seus amores.
O despertar do Professor
No Rosario Central, como técnico, admitiu esforço para adotar uma postura mais adequada para um técnico durante os jogos. Isso depois que seu time fez um gol, e ele invadiu o campo para comemorar com os atletas. No dia a dia, o grupo já estava acostumado a viver na velocidade de Coudet. O silêncio dos jogadores no refeitório durante o café da manhã, com frequência, era quebrado por um trilar potente no apito e um grito potente:
– Pênalti! Pênalti! Pênalti para a Centraaaaallllll!!!
Era Coudet, às 9h, anunciando o começo do dia de trabalho. Passado algum tempo, só os novatos se surpreendiam com o rompante do técnico. Obcecado pelo trabalho e pelos treinos, durante sua passagem pelo Rosario, entre o fim de 2014 e o fim de 2016, ele deixou a mulher e as três filhas em sua propriedade, nos arredores de Buenos Aires, e morou na concentração do Rosario, no Estádio Gigante de Arroyito. Ao contrário do que fazia na sua segunda e na terceira passagem pelo clube, em 2004 e 2006, quando fazia todos os dias, de carro os 280 quilômetros que separam as duas cidades.