Pretendido pelo Inter, Eduardo Coudet gosta que seus times joguem como ele é: com temperamento, de forma intensa e obcecado pela vitória. El Chacho, como é conhecido na Argentina, virou um dos principais técnicos da nova geração no país. O que é uma surpresa. Até porque poucos previam que aquele volante e lateral-direito excêntrico e de cabelos platinados virasse treinador.
A carreira de Coudet fora de campo é curta. Começou no Rosario Central, no final de 2014. Montou aquele timaço que chegou à semifinal da Libertadores 2016, deixando o Grêmio pelo caminho, e foi vice-campeão duas vezes da Copa Argentina.
Saiu de lá para comandar Miller Bolãnos no Tijuana, do México. Em dezembro de 2017, chegou ao Racing. Logo de cara, conquistou os jogadores com seu estilo de jogo ofensivo e uma forma agressiva de atuar, com um esquema 4-1-3-2, tendo apenas um volante defensivo, três meio-campistas fazendo o área a área e dois atacantes.
Um ano e meio depois, o Racing comemorou com ele a conquista do título argentino. A atual temporada começou torta. Caiu para o pequeno Boca Unidos, na Copa Argentina, e, nas quatro primeiras rodadas da Superliga, empatou três jogos e levou um 6 a 1 do River.
A goleada fez com que ele metesse a mão no time. Vieram um empate e três vitórias. Essa, aliás, é uma das características de Coudet. Ele não se furta de trocar a equipe. Voltou a fazer isso depois da atuação insossa no 0 a 0 contra o Rosario, no dia 29. Fez cinco mudanças no time, sendo apenas uma delas por lesão. A resposta veio com o 2 a 0 no Aldosivi.
Coudet só segue no Racing até agora porque ainda surfa na onda do título e porque referentes do grupo, como o ex-colorado Lizandro López, o bancaram. Talvez essa relação de confiança seja um obstáculo a ser vencido pelo Inter para fazê-lo deixar Avellaneda agora.
Coudet é um sujeito autêntico. Tanto que, revelou depois, inventou uma febre para faltar à festa do título da Superliga. A celebração foi realizada no fim de agosto, justo quando o time atravessava a crise técnica.
O Inter sabe da relação próxima de D'Alessandro e Coudet. Os dois atuaram juntos no River Plate entre 2000 e 2003. Aliás, foi o hoje técnico que batizou como "La Boba" o drible de D'Alessandro. A parceria durou até o capitão do Inter sair para o Wolfsburg, da Alemanha.
Coudet ficou um ano mais e trocou Núñez pelo Rosario Central, o clube em que fez história como jogador e, depois, como treinador. Agora, D'Ale pode ser o guia do velho companheiro no vestiário do Inter.