Há quatro anos, o Goiás descobriu na Segundona local Bruno Henrique, um atacante de lado driblador e insinuante. No começo de 2016, vendeu-o ao Wolfsburg por R$ 20 milhões. Em 2019, na volta do clube ao Brasileirão, a história se repete com outro atacante de beirada e driblador. Michael, 23 anos, já é revelação do campeonato.
Assim como Bruno Henrique, Michael surgiu no interior goiano e teve passado na várzea. A primeira chance no futebol profissional só surgiu aos 20 anos, no Monte Cristo, da Terceirona goiana. Foi quando o técnico do sub-20 do Goiânia, Fabrício Carvalho, o viu em ação. Os dois já se conheciam de jogos da várzea de Goiânia. Fabrício decidiu que era hora de Michael jogar a sério. Não que o atacante nunca tenha tentado isso.
Foram várias reprovações em testes no clubes da Capital. Pela sua estatura, 1m66cm. E também pelo comportamento. Em entrevista ao Esporte Espetacular, há um ano, o atacante revelou consumo de drogas, como maconha, cocaína, loló e até ecstasy, e bebedeiras frequentes. Também contou que escapou de ser assassinado seis vezes.
Parece mentira, mas há quatro anos, o jogador que hoje tem multa rescisória de R$ 30 milhões jogava na várzea por R$ 30. Certa vez, chegou para atuar em seu time de várzea esgotado. Naquele dia, havia disputado cinco partidas, para pagar conta de luz de R$ 150. Fabrício foi o anjo da guarda de Michael. Em 2017, indicou ao Goianésia-GO. Jogaria sem salário, só pela oportunidade. Michael foi o destaque do campeonato e acabou no Goiás para escrever esta linda história de perseverança.