Homem forte do futebol do Palestino, Henry Abuawad atendeu à coluna por telefone, direto do Chile. Entre tantos temas, contou sobre a relação com a Autoridade Nacional Palestina e deu um dado impressionante: o que gasta em um ano, o Inter gasta em um mês com seu grupo de jogadores. Confira.
O Palestino é um clube muito tradicional no Chile, que passou algum tempo sem se classificar para as copas continentais. Mas tem muita história e completará
100 anos em agosto de 2020.
Foi fundado por imigrantes palestinos. A maioria dos torcedores é de origem palestina ou de descendentes deles. Mas também temos quantidade considerável de torcedores não palestinos, que simpatizam com o clube e com a causa palestina.
O clube hoje, embora toda sua tradição, é também uma bandeira mundial da causa palestina?
Sim, o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, disse que há duas seleções, a nacional e o nosso clube. Aqui no país vivem cerca de 450 mil palestinos ou filhos deles. Os imigrantes começaram a chegar no princípio do século passado, vieram de todas as partes, principalmente, de Belém, Bei Jala. Sakhur e Ramallah, a capital administrativa.
Qual a relação do clube com a Autoridade Nacional Palestina (ANP), o governo dos Territórios Palestinos?
Temos relações comerciais, mas não temos o apoio do Estado. Como qualquer outro clube, temos um patrocínio na nossa camisa, que é do Bank of Palestine. Mas posso garantir que não temos nenhum suporte do estado palestino.
Nessa relação, o clube costuma jogar na Palestina ou fazer períodos de treinos por lá?
Temos relações muito fluídas com o banco e não tão fluidas com o governo. Fomos jogar em quatro ocasiões lá. Uma com a equipe principal, em dezembro de 2016, e outras três com times de base, entre 2012 e 2015.
Há algum jogador palestino ou de origem palestina no grupo atual?
Sim, porém não viajou para Porto Alegre. Trata-se de Nicolas Sedan, chileno de nascimento, mas descendente de palestinos. Nos juniores, sim, temos um número maior de descendentes jogando.
Hoje, o clube tem estádio para 12 mil pessoas e média baixa de público. De onde vêm as receitas?
O clube é uma sociedade anônima fechada. Atualmente, 70% dos ingressos de receitas vêm dos direitos de TV. Depois, na ordem, as maiores fontes são a publicidade, tanto na camiseta quando no estádio, e por último, bem menor, os recursos da bilheteria.
Qual o orçamento anual do Palestino?
Só com jogadores, o gasto anual é de US$ 2,8 milhões (R$ 10,8 milhões, o equivalente a um mês da folha do Inter). Se incluirmos a comissão técnica, esse valor sobe para US$ 3 milhões (R$ 11,5 milhões). O orçamento geral do clube, anual, é de cerca de US$ 4,2 milhões (R$ 16,2 milhões). O que nos faz uma equipe no pelotão médio no Chile.
Qual a pretensão do Palestino no Beira-Rio? Acredita ser possível buscar a classificação?
Na Pré-Libertadores, queríamos chegar à fase de grupos. Estamos nela e queremos avançar, pelo menos, mais uma fase. Nossa meta no Beira-Rio é ganhar! (risos) Queremos trazer um bom resultado para o Chile, que nos permitirá buscar a vaga.
O que o senhor observou do Inter?
Aqui, contra o Inter, fizemos boa partida, poderíamos ter até vencido. O Inter tem um time tremendo. Aqui no Chile, fez uma partida especial. Não estamos acostumados a ver uma equipe brasileira jogar como o Inter fez aqui em Santiago. Pensei que seria um time mais ofensivo. Amanhã (hoje) será difícil. Mas teremos apoio de nossa comunidade. Me pediram para enviar com a delegação mil camisetas do clube, para eles poderem comprar. Inshalá, como costumamos dizer, possamos ganhar.