A informação veio dos bastidores da concentração do Grêmio, em Buenos Aires: os homens responsáveis pelas logísticas nos jogos da Dupla estariam conversando para acabar com a torcida mista já a partir do clássico de 11 de março.
O Inter, através do vice-presidente de relacionamento social, Norberto Guimarães, disse desconhecer as conversas. O Grêmio, através do presidente Romildo Bolzan Júnior, descarta a ideia de abandonar a torcida mista.
A coluna foi ouvir Márcio Bressani, titular da Promotoria do Torcedor. Bressani foi objetivo e contundente ao rebater a ideia de recuo na adoção da torcida mista. No que o colunista faz coro e assina embaixo. Confira.
Surgiu a informação de que a Dupla estuda abolir a torcida mista, diante da queda na procura dos ingressos?
Nos causa muita estranheza esse tipo de informação e ação aventada. Não sabemos da origem disso. A torcida mista é uma conquista, está solidificada. O que primeiro nos toma de prioridade é a segurança e, nesse aspecto, não temos dúvidas de que a torcida mista trouxe outra dimensão para os estádios de Porto Alegre. Inclusive, projetando a iniciativa para o Brasil e o Exterior. Com esse tipo de inciativa, conseguimos dar outra dimensão para o Gre-Nal que outros clássicos de São Paulo, Rio e Minas não conseguiram. Sobre a questão comercial, não tenho notícia de esgotamento de outros setores e sobra de ingressos na torcida mista. A procura foi menor quando o estádio inteiro não teve lotação.
Há tendência de ampliação dos visitantes nos Gre-Nais?
Não sei se vocês se recordam, o aumento de visitantes decorre da consolidação da torcida mista como espaço de civilidade no estádio. Primeiro, falou-se em não ter torcida visitante no estádio. A partir da torcida mista, se viu que era possível trabalhar tanto isso que até teve pessoal que queria só a torcida mista no estádio. O Ministério Público sempre se posicionou que o incremento da torcida mista não rouba espaço da torcida visitante. Pelo contrário, propicia o aumento gradativo dos visitantes, como temos feito nos últimos Gre-Nais, com cadastramento dos torcedores, é verdade. A ideia de aumento da torcida visitante tem sido proposta pelo MP sem descartar a conquista da torcida mista. A congregação de torcedores antes do jogo, no deslocamento, e durante o clássico, freia a ânsia de violência que imperava através de grupos de torcidas que se organizavam para ir ao estádio.
A FGF trouxe a ideia de estádio meio a meio no Gre-Nal do seu centenário.
Temos trabalhado a questão do clássico do centenário e soubemos que há resistência de segmentos, principalmente dos clubes, para atendimento de seus sócios. Com relação ao que foi aventado pela FGF, de dividir o estádio, admitimos que, neste momento, essa ruptura é bastante complicada. A proposição do MP foi sempre de haver aumento gradativo de torcida visitante e chegar ao que o próprio presidente do Grêmio fala desde o início de sua gestão, que é atingir os 10% do espaço para visitantes. É também o que o Estatuto do Torcedor prevê.
Ainda é cedo para termos 10% do público de visitantes no Gre-Nal?
Estamos trabalhando hoje com cerca de 3,5 mil visitantes: 1.900 na arquibancada, 600 nos camarotes e mil da torcida mista. As finais da Libertadores e da Recopa nos trouxeram um outro indicativo mais otimista, no sentido de que, se a Brigada Militar tem conseguido fazer um aumento dos visitante para contemplar os torcedores argentinos que vêm a Porto Alegre, nos parece que para os clássicos locais esse número fica mais palpável na questão de segurança. Temos mantido a interlocução com todos para chegar aos 4 mil visitantes no Gre-Nal. Sempre fazendo a composição e nunca descartando torcida mista. Ela é simbólica e faz muita diferença em termos de pacificação dos estádios.