O tema Martín Sarrafiore causa dissabores e até alguma irritação no Huracán. No início da tarde deste domingo, a coluna entrou em contato com o presidente do clube argentino, Alejandro Nadur, para repercutir a assinatura de um pré-contrato do meia canhoto de 20 anos com o Inter. Do outro lado da linha, Nadur foi educado, mas sucinto:
— Estou almoçando agora, senhor. Mas sobre o tema Sarrafiore, pergunte ao presidente do Inter. Ele pode te responder.
A conversa se encerrou no instante seguinte. O Huracán não se conforma com a perda de sua principal joia das categorias de base. O contrato de Sarrafiore se encerra em junho, e suas atuações na Copa Ipiranga o colocaram no radar dos grandes clubes brasileiros. O Inter foi mais rápido e garantiu o guri. Para Nadur, o jogador confirmou o acordo com o Inter e disse que partirá em julho. Mesmo assim, ele estará na intertemporada do grupo principal a partir desta terça-feira, em Ezeiza.
Em Parque Patrícios, sede do Huracán, a revolta com a postura de Sarrafiore é grande. Técnico campeão da Copa e da Supercopa Argentinas com o time principal e atual treinador do sub-20, Néstor Apuzzo foi duro contra o jogador em entrevista ao jornal Olé. Disse se sentir "como se fosse traído por um filho" e revelou uma conversa com o jogador.
Nela, carregou no tom dramático e alertou-o de que "deixaria 30 famílias sem trabalho" ao sair de graça do clube. Foi Apuzzo quem levou Sarrafiore ao Huracán com 11 anos, depois que o Barcelona, da Espanha, acabou com o projeto de formação de jogadores na Argentina, onde mantinha um CT em Buenos Aires. Ainda ao Olé, Apuzzo disse, nessa conversa, o jogador teria lhe garantido que prorrogaria o acordo com o Huracán. O treinador, porém, disse não acreditar nisso.
Conversei com o jornalista Nicolás Migliavacca, responsável pela cobertura do Huracán para o diário Olé. O repórter não tem dúvidas de que se trata da principal joia surgida na base do clube. Segue a linhagem de Pity Martínez, hoje no River, Cristian Espinoza, atualmente no Boca, e de Romero Gamara, que está a caminho da MLS.
Questionei-o do porquê de um jogador tão qualificado estar, aos 20 anos, no sub-20 e não no time principal. A resposta de Migliavacca:
— É um jogador requintado, estreou no profissional, porém a necessidade do time, que esteve lutando contra o rebaixamento, tornou difícil que seguisse sendo dos mais jovens do grupo.