O Grêmio terá pouco tempo para lamentar a derrota na final do Mundial de Clubes. A partir desta quarta-feira (20), a Copa Libertadores volta ao radar tricolor. Atual campeão, o Tricolor conhecerá os adversários no caminho do tetra com o sorteio da competição, que será realizado em Luque, no Paraguai.
Los Hermanos
Se em 2017, os argentinos chegaram à Libertadores com apenas dois dos considerados cinco grandes do país, na edição 2018 haverá quase força total. Do quinteto de gigantes, apenas o San Lorenzo ficou de fora. Boca, River, Racing e Independiente estão garantidos. Completam a trupe hermana o tradicional Estudiantes-LP, o Banfield e o Atlético Tucumán – esses dois últimos precisarão ainda cruzar pela pré-Libertadores.
O Boca, ausente em 2017, retorna à Libertadores ainda em busca do equilíbrio do time, perdido com as baixas de Gago e do centroavante Benedetto, ambos pacientes de cirurgia no joelho. Ábila, ex-Cruzeiro, foi buscado no Hurancán para ser o camisa 9. Pavón, atacante de lado, habilidoso e veloz, e o meia colombiano Cardona são as expressões do time. No River, a busca é por dois atacantes. Pratto, do São Paulo, está na mira.
O Racing contratou Eduardo Coudet, ex-Rosario e técnico de Bolaños no Tijuana. O Independiente, campeão da Copa Sul-Americana, negocia a renovação com o técnico Ariel Holan e já revê a venda do meia Ezequiel Barco, 18 anos, para o Atlanta United, da MLS.
47 taças
É como se houvesse uma taça para cada paricipante desta próxima Libertadores. Somadas às conquistas de todos os 17 campeões classificados, são 47 títulos – em um total de 59 possíveis. O que só aponta uma disputa recheada de tradição e com boa parte dos gigantes do continente.
A próxima Libertadores é quase uma reunião de Rei de Copas. Estarão em busca da América em 2018 o Independiente, sete vezes campeão, o Boca, seis. o Peñarol, cinco, Estudiantes-LP, quatro, e os tricampeões Grêmio, Santos, River Plate, Nacional-URU e Olimpia.
Os uruguaios Peñarol e Nacional, com 45 participações, são os recordistas, seguidos dos paraguaios Olimpia, com 40, e Cerro Porteño, com 39. Entre os brasileiros, Grêmio e Palmeiras, em 2018, igualam o São Paulo, com 18 participações, e são os recordistas do país.
Distâncias
Uma peculiaridade da Libertadores é que as bolinhas indicam mais do que os adversários no sorteio. Apontam também a quantidade de pedras no caminho até a final. Por isso, é bom torcer no sorteio de amanhã para escapar dos venezuelanos Deportivo Lara, Carabobo e Monagas. Para quem vive no sul do Brasil, como o Grêmio, ir à Venezuela significa atravessar a América do Sul.
O Junior oferece, além da necessidade de viajar até as barbas do Caribe colombiano, o calor sufocante. O equatoriano Macará, de Ambato, fica encravado no meio dos Andes, a 2,6 mil metros de altitude, e chegar até lá exige uma ginástica danada. O mesmo vale para o Delfin. É preciso ir a Guayaquil e ainda encarar quase 200 quilômetros de estrada até Manta, à beira do Pacífico. O peruano Real Garcilaso manda seus jogos em Huancayo, vizinho a Cuzco e a 3,2 mil metros de altitude.
Há ainda armadailhas, como o Atlético Tucumán. Mesmo sendo na vizinha Argentina, exige voo fretado. Situado no norte do país, há voos saindo de São Paulo para Tucumán, mas consomem entre seis e 13 horas de viagem. O Palmeiras, em 2017, usou um charter e chegou em três horas.
Os estreantes
A Libertadorse ficou mais inchada desde 2017, com 47 clubes, Mas também se tornou mais democrática. No ano passado, eram seis os estreantes. Na edição 2018, serão três, os equatorianos Delfin e Macará , e o venezuelano Moagas. O Delfin foi a grande novidade no futebol equatoriano em 2017, uma temporada em que os tradicionais LDU e Barcelona, de Guayaquil, ficaram sem vaga na Libertadores. Até 2013, o Delfin estava na Terceira Divisão. Em 2015, subiu para a elite e, em dois anos, ganhou o título nacional.
O Macará não fica muito atrás. Subiu neste ano e garantiu vaga na pré-Libertadores ao vencer o Barcelona, em Guayaquil, por 1 a 0. Trata-se de um clube modesto. O orçamento anual é de US$ 3 milhões (R$ 9,8 milhões, ou sejaa folha mensal de Grêmio e Inter). Os salários dos jogadores ficam entre US$ 4 mil (R$ 13,1 mil) e US$ 8 mil (R$ 26 mil) mensais.
Ex-jogadores
Renato não será o único ex-jogador campeão da América em busca de mais um título como técnico. A Libertadores 2018 traz uma nova safra que até pouco tempo brilhava nos gramados e levaram para o banco de reservas a idolatria dos tempos de craque. O Boca tem no comando Guillermo Barros Schelotto, eleito em pesquisas junto à torcida como o maior ídolo da história recente do clube.
O River tem Marcelo Gallardo, campeão como jogador em 1996 e técnico em 2015. No caso de Racing e Estudiantes, não há vínculo afetivo do seus técnicos e a torcida, mas a aposta é em nomes fresquinhos no mercado. O Racing buscou Eduardo Coudet, 43 anos, ex-Rosário. O Estudiantes aposta em Lucas Bernardi, 40 anos, que foi um meia talentoso e fez boa parte da carreira na França.
Os argentinos, aliás, predominam na Libertadores: Daniel Garnero, no Olímpia, Gabriel Schurrer, no Independiente del Valle, Saja (ex-goleiro do Grêmio), no Guarani-PAR, Pablo Guede, no Colo-Colo, Miguel Russo, no Millonarios.
A fórmula
O último classificado à Libertadores será definido enquanto se realiza o sorteio, na sede da Conmebol. Falta definir apenas o último representante chileno. Em um confronto de vice-campeões, o Unión Concepción venceu o Unón Española no primeiro jogo por 1 a 0 e precisa de um empate na quarta-feira para carimbar sua vaga. Dependendo de quem se classificar, haverá uma movimentação do Melgar nos potes fase 2 da pré-Libertadores. O Unión Española é treinado por Martin Palermo, argentino, ex-centroavante do Boca.
Como os mexicanos seguem de fora da Libertadores, a fórmula da edição 2018 repete a deste ano. Haverá três fases eliminatórias. Na primeira, seis clubes buscam três vagas e se juntam à segunda eliminatória, onde estarão outros 13 clubes. Sairão desses 16 times os oito classifcados para a última eliminatória, com quatro confrontos decisivos. Os quatro classificados ingressam na fase de grupos e se juntam aos 28 times já com lugar garantido nas chaves. Em resumo, 19 equipes entram na pré-Libertadores para quatro vagas.
Os potes
A Conmebol ainda oficializará a divisão dos potes no sorteio desta quarta. Mas, pelo ranking da competição, a divisão fica da seguinte forma:
Pré-Libertadores 1
Pote 1
Olimpia-PAR, Universitario-PER e Deportivo Táchira-VEN.
Pote 2
Montevideo Wanderers, Oriente Petrolero e Macará-EQU.
Pré-Libertadores 2
Pote 1
Nacional-URU, Santa Fe, Guaraní-PAR, Independiente del Valle, Jorge Wilstermann, Unión Española-CHI ou Melgar-PER, Vasco e Junior de Barranquilla.
Pote 2
Melgar-PER ou Universidad Concepción-CHI, Chapecoense, Banfield-ARG, Santiago Wanderers-CHI, Carabobo-VEN e os três classificados da pré-Libertadores 1.
Fase de grupos
Cabeças de chave
Grêmio, River Plate, Boca Juniors, Nacional-COL, Peñarol, Santos, Corinthians e Cruzeiro.
Pote 2
Independiente, Emelec, Estudiantes, Cerro Porteño, Palmeiras, Bolívar, Libertad e Universidad de Chile.
Pote 3
The Strongest, Colo-Colo, Racing, Flamengo, Defensor Sporting, Alianza Lima, Real Garcilaso e Millonarios.
Pote 4
Delfin, Monagas, Atlético Tucumán, Deportivo Lara, vencedor 1, vencedor 2, vencedor 3 e vencedor 4.