Conversei no início da noite desta terça-feira com o presidente do Conselho Deliberativo do Inter, Sérgio Juchem. Advogado, 71 anos, dono de longa trajetória de serviços no Beira-Rio, ele confere ao momento político do clube o peso que merece. Segundo Juchem, trata-se de um momento delicado na história do Inter pelo ineditismo da reprovação das contas de uma gestão. no caso às referentes ao ano de 2016, sob comando de Vitorio Piffero. O presidente mostrou-se também um tanto frustrado com o resultado apresentado pela Comissão Especial de Sindicância nesta segunda-feira. O relatório da comissão analisou o diagnóstico feito pela Ernst & Young das contas do Inter em 2016.
Juchem revela que procurou a Comissão e propôs a publicação, da presidência do Conselho, de uma ratificação de que garantia a ela trabalhar conforme o novo regulamento geral do clube, em que ganha poderes de sindicância e maior poder de ação.
"Dessa forma, nomeei a comissão com base no estatuto e regimento interno antigos, pelo artigo 14. Mas a nomeamos como de sindicância, com poder para investigar (conforme previsto no artigo 32 do novo regulamento). Imaginávamos que ela ouviria os acusados, fosse fazer um trabalho de sindicância. Eles entenderam por não fazer. Nesse meio tempo do trabalho da comissão, fiz um contato com ela e apresentei como solução a publicação por mim de ratificação que atuaria conforme as garantias do artigo 32. Assim, estariam com os poderes que se diziam necessários para avançar. Eles (comissão) não quiseram."
Questionei Juchem sobre a tendência de aprovação pelo Conselho, na próxima segunda-feira, da recomendação feita pela Comissão, de que um novo grupo de trabalho seja criado e trabalhe em conjunto com uma auditoria externa.
"Nunca na história do clube, houve rejeição das contas, trata-se de um assunto delicado. Tem de avançar. É ruim para o clube, a gente lamenta muito, mas temos de dar seguimento. Sinto que o Conselho está muito focado, de exigir que se vá a fundo nessa questão. A posição na rejeição as contas foi majoritária. Não há divergência nisso. Apenas um grupo pequeno votou contra a rejeição das contas de 2016. Qualquer conselheiro conclui que são graves as irregularidades, elas devem ser apuradas até o final, com amplo direito de defesa aos envolvidos."
Sobre as punições, caso sejam confirmadas as irregularidades, está previsto no novo regulamento geral que os envolvidos podem ser suspensos de um a 10 anos das atividades no clube. Pela comissão de ética, há também a possibilidade de exclusão. Juchem evita previsões, mas cobra que, caso o clube tenha sido lesado, é obrigação recuperar o dinheiro desviado.
"Temos de assegurar, no momento apropriado, o direito de defesa, as pessoas acusadas têm de ser ouvidas. Embora não se tenha colocado nomes no relatório, pelos cargos, obviamente, identificamos quem são. Tem de ser dada toda a condição. Mas, se verbas foram desviadas, tem de se buscar o reembolso. O importante é que recebi o documento na segunda-feira e marquei a reunião, para que não se prolongue. Isso tem de andar. Já divulguei a todos o documento."