O Mercado Central de Pelotas preserva uma obra inspirada na Torre Eiffel, de Paris. A torre do relógio tem 37 metros de altura. Inaugurada em 5 de junho de 1913, a estrutura de ferro fez parte do projeto para reforma do velho prédio dos anos 1850.
O navio a vapor Sieglinde, proveniente do porto de Hamburgo, trouxe 90 toneladas de estruturas do pavilhão metálico, montado no interior do mercado, e da torre que viraria um dos símbolos da cidade. O material saiu de usinas da cidade alemã de Luneburgo. A torre com farol ficou no centro do mercado.
Mesmo com a mudança no visual, o prédio do Mercado Central manteve as dimensões do projeto original. A história da reforma está contada no livro Mercado Central Pelotas: 1846-2014, do jornalista Klécio Santos. Depois da obra, Paris ficou "ainda mais próxima de Pelotas através do pastiche da Torre Eiffel, que agora reluzia no Mercado". Lojas de roupas e perfumes da cidade já eram batizadas em homenagem à França.
O relógio da marca suíça Zenith iluminava a noite. A corda durava oito dias. Para indicar a hora, a cada quinze minutos, os sinos badalavam. No alto da torre, ainda sem grandes edifícios na volta, era possível desfrutar de vista panorâmica da cidade.
O projeto da reforma do Mercado Central foi do arquiteto Manoel Itaqui, o mesmo do Viaduto Otávio Rocha, em Porto Alegre. O acesso passou a ser centralizado, nos novos portões. As esquinas do prédio tiveram inspiração de castelos, com torreões enfeitados de guirlandas, flores e frutas.
No topo da torre, junto ao para-raios, ficava uma estátua de Mercúrio, cópia de obra criada pelo artista florentino Giovanni Bologna. Um temporal fez ruir o trabalho em folha de flandres, um laminado. Ela está hoje em exposição no interior do Mercado Central.
O relógio está parado. A prefeitura de Pelotas encaminha contratação de empresa para o conserto.