O trem Húngaro marcou época nas ferrovias do Rio Grande do Sul. Com pintura nas cores prata, azul e amarela, os carros estão na memória dos passageiros que testemunharam os últimos anos do transporte sobre trilhos no interior do Estado. Os trens fabricados na Hungria começaram a circular no Estado há 50 anos.
No início da noite de 15 de agosto de 1974, dois trens partiram para a viagem entre Porto Alegre e Uruguaiana. Às 19h, um saiu da estação da capital e outro da cidade da Fronteira Oeste. A Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) comprou 12 trens da empresa Ganz-Mávag. No início da operação, quatro dos seis destinados ao Rio Grande do Sul já estavam prontos. Outros seis foram colocados na linha entre Rio de Janeiro e São Paulo.
A viagem de Porto Alegre a Uruguaiana durava 12h30, com paradas para embarque e desembarque em Rio Pardo, Cachoeira do Sul, Restinga Seca, Santa Maria, Cacequi e Alegrete. A passagem dava direito à janta e ao café da manhã. No embarque em Porto Alegre, o jantar era servido pouco depois da partida. O café da manhã estava previsto para depois da passagem por Alegrete. Durante toda a viagem, ficava aberto o bar.
O serviço de bordo era semelhante ao dos aviões, prestado pela empresa Ferry Sul Lanches. Nas retas, a velocidade chegava a 85 km/h. Compostos por quatro carros, os trens diesel-hidráulicos tinham capacidade para 120 passageiros.
Quatro dias antes da inauguração, uma equipe de Zero Hora viajou no trem Húngaro. A reportagem destacou a preocupação com a segurança. Os veículos vieram com um sistema para verificar se o maquinista saía do posto ou dormia. Se não respondesse ao sinal emitido, freio de emergência era acionado, parando a composição em 100 metros.
O trem Húngaro veio para substituir o tradicional Minuano. Os veículos também operaram em outras rotas no Estado. Depois de saírem de circulação, em 1987, no Rio Grande do Sul, composições foram aproveitadas no metrô de Teresina, no Piauí.