A passagem do Graf Zeppelin pelo Rio Grande do Sul foi um grande acontecimento. Fabricado na Alemanha, o gigante "charuto voador" tinha 236 metros de comprimento. Em 29 de junho de 1934, moradores de Porto Alegre esperaram com muita expectativa o sobrevoo do dirigível, que fazia viagens transportando passageiros, mercadorias e correspondências entre Europa e América.

Em 1930, a empresa alemã Luftschiffbau Zeppelin GmbH fez a primeira viagem ao Brasil, com paradas em Recife e Rio de Janeiro. Abaixo, veja um filme da primeira passagem pela capital brasileira. Além das cenas sobrevoando a Cidade Maravilhosa, apresenta o interior da aeronave.

Os alemães mantiveram voos regulares ao Brasil. A Varig oferecia um serviço consorciado com a Condor e o Zeppelin. A companhia de aviação gaúcha fazia as rotas no Rio Grande do Sul. Em Pelotas e Rio Grande, por exemplo, buscava correspondências e passageiros. A Condor conectava, com avião, Porto Alegre e Recife, de onde partia o dirigível. O jornal A Federação noticiava que era o transporte mais rápido entre Brasil e Europa, possibilitando o trajeto de Porto Alegre à Alemanha, no nosso inverno, em apenas cinco dias.

A passagem do Graf Zeppelin pelo Rio Grande do Sul ocorreu durante viagem entre Rio de Janeiro e Buenos Aires, com 20 passageiros. Quando estava em Recife, na primeira parada no Brasil, o comandante recebeu telegrama de jornais da capital gaúcha apelando para sobrevoar a cidade durante o dia. Depois que a passagem foi confirmada para o dia 29 de junho de 1934, reinou grande expectativa nas ruas.

Ninguém sabia o horário certo. Em frente às redações dos jornais, placas usadas para notícias urgentes eram atualizadas durante a manhã. Um avião da Varig sobrevoou a cidade com uma mensagem, em vermelho, sob as asas: "Zepelin, 12hs". O recado foi entendido.

A população estava nas ruas e praças. Nos prédios mais altos, muita gente tentou ficar mais perto do dirigível. As autoridades ficaram à espera, no Palácio Piratini. Às 13h20, a população começou a ver, ainda longe, o Zeppelin. 

O gigante dos ares passou pelo Centro às 13h45. Em baixa altitude, circulou sobre o Palácio Piratini, deixando cair uma mensagem de saudação ao Rio Grande do Sul. Depois de duas voltas sobre a cidade, seguiu rumo ao Sul.

No trajeto pelo Estado, o Graf Zeppelin também sobrevoou outras cidades, como São Leopoldo, Pelotas e Rio Grande. Nos primeiros dias de julho, a produtora Leopoldis-Som já exibia, no cinema Ypiranga, o filme "Zepelin sobre Porto Alegre". As imagens desapareceram, talvez no incêndio de 1965.

Imagens raras da passagem do Zeppelin na capital gaúcha foram descobertas pelo pesquisador cultural Jadir Anchieta. O filme de João Bastos de Aguiar, ex-prefeito de São Francisco de Assis, mostra cenas do Centro e do bairro Teresópolis. Na parte final, é possível ver a mobilização da população e o dirigível no céu. 

A operação do Graf Zeppelin foi suspensa em 1937, depois de tragédia com dirigível da empresa, o Hindenburg, que pegou fogo nos Estados Unidos, matando 36 pessoas.