O caso Kliemann é um dos mais rumorosos da história da crônica policial do Rio Grande do Sul. Uma mulher da alta sociedade assassinada em mansão de Porto Alegre, um deputado estadual morto com tiro em estúdio de rádio, dezenas de suspeitos e o desaparecimento do inquérito. Uma soma de elementos que despertam a curiosidade dos gaúchos desde a década de 1960.
Em 20 de junho de 1962, Margit Kliemann, esposa do deputado estadual Euclydes Kliemann, morreu espancada na casa da família na Rua Barão de Santo Ângelo, no bairro Moinhos de Vento, na capital gaúcha. O corpo foi encontrado à noite pelo marido.
A investigação ganhou grande espaço de cobertura da imprensa. Surgiram muitos suspeitos, mas nunca a polícia chegou ao verdadeiro assassino. Em meio às especulações, estava a Dama de Vermelho.
O Diário de Notícias, três dias depois do crime, publicou na capa: "Dama de Vermelho foi vista saindo no local". De acordo com o jornal, "uma mulher — vestida de vermelho, elegantemente, — pediu a presença de um motorista de praça no palacete do Bairro Moinhos de Vento, às primeiras horas da tarde, de onde se transportou para o centro da cidade".
O jornalista Ricardo Düren, que pesquisa o caso há 15 anos, acredita que a Dama de Vermelho nunca existiu. No novo livro O Caso Kliemann e seus Personagens Misteriosos (Clube de Autores), ele conta em detalhes o que falavam na época sobre a "suspeita".
Em 248 páginas ilustradas com fotos e reproduções dos jornais da época, o jornalista mergulha nos bastidores das investigações, com o olhar voltado às figuras misteriosas que povoaram o inquérito, tais como a Dama de Vermelho, a cartomante, a dançarina, os malandros da cidade e as mulheres da alta sociedade porto-alegrense.
Em entrevista ao programa Gaúcha Mais, da Rádio Gaúcha, Düren contou o que descobriu sobre o caso Kliemann, o que é verdade ou mito. O livro impresso pode ser adquirido por este link.
O deputado estadual, marido de Margit, foi colocado como principal suspeito na época, mas acabou considerado inocente no inquérito policial depois da sua morte.
Kliemann foi baleado no ano seguinte, em 31 de agosto de 1963, no estúdio da Rádio Santa Cruz — com a emissora ao vivo — em Santa Cruz do Sul, após ser acusado por um antagonista político de ser suspeito da morte da esposa. O deputado invadiu o estúdio e foi atingido pelo vereador Floriano Peixoto Karan Menezes, o Marechal.