A grande enchente de 1941 foi devastadora para a economia de Porto Alegre. No 4º Distrito, entre os bairros Floresta e Navegantes, ficavam grandes indústrias, como Gerdau, Fiateci e Neugebauer. A água chegou até a Avenida Cristóvão Colombo. As residências e fábricas foram invadidas pelo Guaíba.
O bairro Navegantes foi o mais afetado, de acordo com reportagem da Revista do Globo. A população precisou ir para postos de salvamento. Na região, ficava a fábrica de roupas Renner, que era uma das maiores indústrias do Rio Grande do Sul. Máquinas foram danificadas e matérias-primas, perdidas. A produção parou.
As fotos de 1941 mostram barcos em frente à empresa na Rua Frederico Mentz. Pela marca deixada nas paredes, a água quase encobriu completamente a porta principal da fábrica.
Nesta semana, Porto Alegre registrou o maior nível do Guaíba desde a enchente de 1941. Na terça-feira (21), o nível chegou a 3m46cm no Cais Mauá, onde a cota de inundação é de três metros. Protegido por um sistema de diques, os transtornos foram muito inferiores no bairro Navegantes. Mesmo assim, água voltou por bueiros e inundou algumas ruas.
Um dos pontos afetados foi a Rua Frederico Mentz, bloqueada pela água em frente ao edifício da antiga fábrica. O Instituto Caldeira ocupa o grande prédio. As atividades não precisaram ser alteradas, porque a água ficou restrita à rua, além de parte das calçadas.
Durante o programa Gaúcha Mais, na Rádio Gaúcha, fui ao local das fotos históricas da maior enchente de Porto Alegre. Fotografei o cenário do mesmo ponto de um registro feito pela Casa do Amador em 1941. Acima, vejam imagens da mesma rua e do mesmo prédio, separadas por 82 anos.
Enchente de 1941
A chuva no Estado começou em 10 de abril, uma Quinta-Feira Santa. Por 35 dias, o Estado foi castigado pelos temporais. Em Porto Alegre, choveu em 22 dias neste período, acumulando 619,4 milímetros. Depois do caos no interior, os rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí encheram o Guaíba. Com 272 mil habitantes, Porto Alegre ficou com suas principais áreas comerciais e industriais embaixo d´água no início de maio, quando o vento Sul represou o Guaíba.
Baseados na experiência de outra grande enchente, de 1928, muitos porto-alegrenses demoraram para se convencer da gravidade em 1941. O nível do Guaíba atingiu a marca recorde de 4,76 metros no Cais Mauá, onde a cota de inundação é de três metros.
As consequências da enchente de 1941 foram sentidas por muito tempo. Em 1967, outra cheia do Guaíba deixaria partes da cidade embaixo d´água. Depois dos traumáticos episódios, Porto Alegre construiu o muro da Avenida Mauá e um sistema de diques.