Sem telhado e em avançado estado de deterioração, uma casa do centro de Caçapava do Sul já foi palco das discussões sobre os rumos da República Rio-Grandense. A residência do ministro José Ricardo Pinheiro de Ulhôa Cintra abrigou os ministérios e a tipografia do jornal oficial O Povo. Em 1839 e 1840, a cidade foi a segunda capital farroupilha, depois da transferência de Piratini. A Casa Ulhôa Cintra, também conhecida como Casa dos Ministérios, foi tombada em 1994 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul (IPHAE).
Em 2012, quando estava alugada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, parte do telhado desabou. Sem a proteção, a deterioração foi rápida. Mesmo sendo uma propriedade privada, a prefeitura está mobilizada para salvar o prédio histórico, na esquina das ruas Sete de Setembro e Borges de Medeiros.
Depois de acordo de cooperação da administração municipal com a família proprietária, é planejado o restauro da Casa Ulhôa Cintra. O secretário de Cultura e Turismo, Stener Camargo, adianta que a prefeitura voltará a alugar ou comprará a residência no futuro. Quando toda restauração for concluída, o plano é abrir um museu com a memória da Guerra dos Farrapos.
A empresa Perene Patrimônio Cultural é responsável pelo projeto de restauração. A arquiteta Simone Neutzling explica que a primeira etapa visa a construção de novo telhado. Se não for feita a cobertura, toda estrutura corre o risco de ruir. O custo desta etapa é de R$ 991 mil. Os recursos são buscados junto a empresas via Lei de Incentivo à Cultura do Estado (LIC). Em uma segunda fase, será feito o projeto para o restauro completo.
Em uma planta retangular, a casa de um pavimento foi construída no alinhamento dos passeios públicos. No estilo de arquitetura colonial luso-brasileira, foi erguida nas primeiras décadas do século 19. É desconhecido o ano exato. Após o fim da guerra, a casa serviu de moradia ao ex-ministro Ulhôa Cintra e sua família. O local também foi ponto de exibição de filmes e sede de clube. Em uma sucessão de proprietários, antes do tombamento, Percival Antunes comprou e restaurou a casa sem alterar a arquitetura original.
Nos fundos da Casa dos Ministérios, a tipografia do jornal O Povo imprimia os jornais com as notícias da República Rio-Grandense.