Após a eleição de Ildo Meneghetti em 1962, os gaúchos só voltaram às urnas para escolher governador depois de 20 anos. Em 15 de novembro de 1982, mais de quatro milhões de eleitores estavam aptos a votar. Quatro políticos disputaram a cadeira no Palácio Piratini. A eleição foi histórica, não só pelo retorno do voto direto, mas porque todos os candidatos chegariam ao cargo de governador.
O eleito foi Jair Soares (PDS), então deputado federal e ex-ministro da Previdência do governo militar. Ele conquistou 1.294.962 votos, apenas 22.643 a mais do que o segundo colocado, Pedro Simon (PMDB). Alceu Collares (PDT) fez 775.546 votos e Olívio Dutra (PT) recebeu 50.713 votos. Entre as curiosidades da eleição de 40 anos atrás, está a diferença da rotina dos candidatos no dia da votação. Atualmente, além de votar, eles têm uma agenda cheia, com visitas aos veículos de comunicação. Em 1982, Jair Soares, por exemplo, votou de manhã e aproveitou para jogar tênis à tarde.
A apuração das cédulas de papel demorava vários dias. Em Porto Alegre, a contagem começou somente no dia posterior à votação. Em 18 de novembro, três dias depois do pleito, 65% dos votos estavam apurados no Estado. A imprensa mobilizava grande estrutura para uma contagem paralela à Justiça Eleitoral, somando os números das cidades.
Depois da votação, Jair Soares aproveitou para descansar na fazenda de um amigo em Jaquirana, na Serra. Em 19 de novembro, os jornais noticiavam a previsão de retorno a Porto Alegre para a festa da vitória naquele dia. A comemoração do PDS precisou ser adiada, porque em 24 horas caiu a diferença entre Jair e Simon.
Com a apuração tão apertada, o PMDB pediu a recontagem de 100 mil votos, como destacou a manchete de Zero Hora em 24 de novembro. Três dias depois, o jornal noticiou que em 26 de novembro, 11 dias após a eleição, os números finais foram divulgados oficial e o Tribunal Regional Eleitoral rejeitou a recontagem. Importante: não tinha segundo turno.
Os três derrotados na eleição de 1982 também chegariam ao cargo de governador em disputas futuras. Pedro Simon foi eleito em 1986, Alceu Collares venceu em 1990 e Olívio Dutra ganhou em 1998.
Naquele pleito, também estavam em disputa vagas para deputado estadual, deputado federal, senador, vereador e prefeito. No Rio Grande do Sul, o eleitor não votou para prefeito em Porto Alegre e outros 25 municípios considerados em área de segurança nacional pelo governo militar.
O tempo médio para preenchimento das cédulas era de um minuto. O voto então podia ser depositado na urna.
Ouça entrevista de Jair Soares ao podcast Memória Eleitoral, apresentado por Daniel Scola em 2018:
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