Com os smartphones e aplicativos, as ligações telefônicas ficaram em segundo plano. É possível passar dias sem o telefone tocar, com exceção das chamadas de telemarketing. Quando preciso falar com alguém, inclusive, mando uma mensagem antes, perguntando se posso telefonar. Muitos de vocês testemunharam a evolução das telecomunicações, das centrais telefônicas aos grupos de WhatsApp, passando pelo orelhão, fax, chegada dos celulares e mensagens por SMS.
O sempre atento leitor da coluna, Gilberto Jasper, me alertou para a capa da Zero Hora há 50 anos, publicada no Almanaque Gaúcho. Em 20 de outubro de 1972, a manchete foi: "Comunicações vão melhorar no RGS". Depois de visita pelo interior gaúcho, o ministro das Comunicações, Higino Corsetti, prometeu investimento em telefonia. O plano previa a "substituição dos antigos telefones de magneto (manivela) por modernos aparelhos semiautomáticos", beneficiando com instalação de novas centrais telefônicas os municípios de Sant´Ana do Livramento, São Borja, Itaqui, Jaguarão, Uruguaiana, São Gabriel e Quaraí. Com cem terminais já em operação no Estado, o ministro também prometeu ampliação do serviço de Telex, sistema de troca de mensagens escritas.
A substituição total dos telefones à manivela não foi rápida. Em 1989, o jornal Pioneiro noticiava, por exemplo, que os velhos aparelhos ainda estavam em uso em algumas comunidades do interior de Caxias do Sul. Os telefones de magneto, popularmente chamados de telefones à manivela, eram ligados por fio a uma central da companhia telefônica. A manivela era usada para chamar a telefonista, que fazia a conexão com o destinatário da ligação. Para desligar, era só mover a manivela em sentido contrário. Em tempos de conexão total, parece algo da pré-história, mas não faz tanto tempo assim.
Nesta coluna, publico dois modelos de telefones à manivela. O pequeno (preto) está à venda na Casa do Cacaredo, em Porto Alegre. O modelo de 1958 é parecido com aqueles que vieram depois, com o sistema de discagem pelo próprio assinante.
O modelo mais antigo, pendurado na parede, está no Antiquário Hamburgo Velho, em Novo Hamburgo. O proprietário da loja e restaurador, Paulo Alexandre Stoffel, conta que os pais percorriam as colônias garimpando objetos para comprar e revender. Em 1977, chegaram com o telefone antigo. Stoffel o pediu de presente de aniversário de 17 anos. Ganhou o equipamento bastante deteriorado e o restaurou. Nunca conseguiu usar devido à troca da tecnologia da rede de telefonia. É um belo artigo de decoração e recordação. Quando um cliente fica interessando, o comerciante avisa prontamente que não está à venda.
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