O chocolate artesanal é uma das marcas de Gramado. O turista que passa em frente às lojas é atraído pelo aroma e pelas belas vitrines. A produção do doce na região começou na década de 1970. Em vídeo do governo federal para divulgação do turismo do Rio Grande do Sul em 1974, a cidade de Gramado foi destacada pela arquitetura europeia, hortênsias, artesanato de madeira, objetos de vime e indústrias de malhas e tapetes, além dos passeios de pedalinho no Lago Negro. Nada de chocolate, que chegaria no ano seguinte.
O pioneiro do chocolate foi o dentista Jayme Prawer, filho de imigrantes judeus que vieram da Polônia. Desde de menino, o porto-alegrense adorava passear em Gramado. Depois de formado, chegou a trabalhar três anos na cidade da serra, mas depois voltou a Porto Alegre. O desejo de retornar a Gramado foi mantido. Em 1970, abriu a Churrascaria Bela Vista e, dois anos depois, criou o Café Colonial Bela Vista. O doce artesanal veio mais como um hobby, já pensando na aposentadoria. A inspiração para o chocolate surgiu após viagem à cidade de Bariloche, na Argentina.
O passeio pela região turística argentina foi realizado com a esposa Maria Cardoso Prawer. Jayme viu semelhanças com Gramado e adorou o chocolate artesanal. Pensou que poderia produzir aquelas delícias na Região das Hortênsias. Depois de uma segunda viagem à Argentina, com dez dias de estágio em busca de conhecimento, abriu a fábrica em uma área de 70 metros quadrados. No fim de 1975, três artesãos fizeram as primeiras barras e ramas. A primeira loja de chocolates da Prawer foi aberta em 1976, antes da realização da quarta edição do Festival de Cinema de Gramado. A novidade logo fez sucesso.
Em um primeiro momento, o dentista atendia de segunda a sexta-feira na capital gaúcha, subindo a Serra aos finais de semana. Curiosamente, na década de 1990, a indústria gramadense começou a exportar chocolate para a Argentina, de onde veio a inspiração duas décadas antes. O empresário, que também investiu no ramo da hotelaria, morreu aos 87 anos, em 2016. Ele já não estava mais no comando da fábrica, pioneira em chocolates artesanais no Brasil. Em 2012, a família Brock assumira o negócio com o compromisso de manter a essência da marca.
Jayme Prawer abriu caminho para outros empreendedores e deixou a cidade de Gramado mais doce o ano todo, não só na Páscoa.