Antes de brilhar na Fórmula 1, um dos grandes nomes do automobilismo mundial venceu corrida nas ruas da capital gaúcha. Os irmãos Emerson Fittipaldi e Wilson Fittipaldi Júnior, o Wilsinho, conquistaram a tradicional prova 12 Horas de Porto Alegre em 21 e 22 de dezembro de 1968. Durante a noite de sábado e a manhã de domingo, com chuva, percorreram o circuito nos bairros Cavalhada e Vila Nova. Sob orientação do pai Wilson, a dupla conduziu um Fusca, de número sete.
Emerson estava com 22 anos, um jovem que viria a ser campeão da Fórmula 1 em 1972 e 1974. Depois da vitória em Porto Alegre, Wilson disse para reportagem de Zero Hora que era um Fusca comum, sem qualquer preparo fora do previsto em regulamento. Ele explicou que desmontava o carro depois da prova e o segredo era um "kit de fabricação da família". Nas retas, o Volkswagen atingia 150 km/h.
Os pilotos reclamaram do asfalto esburacado em todo o trajeto. Outro risco era a travessia de pedestres, que não se importavam com o risco de atropelamento. Junto com a chuva, foram fatores que exigiram muito dos pilotos. O advogado Sergio Aguinsky tinha 11 anos e assistiu à corrida. Lembra até hoje do "som e do cheiro deixado no ar pelos DKWs". Ele tem o plastimodelismo como hobby e construiu a miniatura do Fusca dos irmãos Fittipaldi (imagem acima).
A corrida foi marcada por uma tragédia. Um Fusca, número 40, saiu da pista e atingiu o público. Morreram três pessoas e outras três ficaram feridas. Revoltados, espectadores tentaram colocar fogo no veículo. Mesmo com o acidente, a prova não parou, atrasando o socorro médico aos feridos e a remoção dos mortos. A ambulância chegou 45 minutos depois. Mais cinco minutos foram necessários para o médico conseguir atravessar a rua.
Depois da tragédia do final de 1968, o coronel Jaime Mariath, secretário estadual da Segurança, proibiu provas de automóveis em ruas de todo o Rio Grande do Sul. Mesmo com 350 policiais mobilizados no evento, ele justificou que os acidentes eram causados pela "falta de conscientização do povo e as imprudências". Muitas pessoas atravessavam as ruas mesmo com carros em alta velocidade. As próximas provas seriam no Autódromo Internacional de Tarumã, em Viamão, inaugurado em novembro de 1970.
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