Deus me livre de presenciar mais uma família chorando a morte de quem só queria se separar e construir uma nova vida. Das 87 mulheres vítimas de feminicídio no RS no último ano, 75% foram assassinadas dentro de casa. E em mais de 80% dos casos, o autor do crime era o atual ou ex-companheiro. Em sete desses casos, o assassinato foi praticado na presença de crianças ou adolescentes. Em três episódios, os agressores também mataram os novos companheiros das mulheres. (ZH, fevereiro de 2024)
Pesquisa da FGV mostra que o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas
Deus me livre de ver mães sem a possibilidade de continuar buscando sustento e dignidade porque não conseguem colocar seus filhos na creche. Atualmente, somos o sétimo Estado com o maior déficit de vagas no Brasil. São 38.835 crianças de zero a três anos aguardando, conforme dados do Ministério da Educação. No país, o déficit é de 632 mil vagas. Quem cuida dessas crianças? (ZH, setembro de 2024)
Deus me livre de ver mais mães extenuadas psicológica e fisicamente, tendo que dar conta de tudo, porque os pais “não existem” na vida dos filhos. Pesquisa da FGV mostra que o Brasil tem mais de 11 milhões de mães que criam os filhos sozinhas. Das que se tornaram mães solo entre 2012 e 2022, 90% são negras. Quase 15% dos lares brasileiros são chefiados por mães solo. A maioria (72,4%) vive só com os filhos e não conta com uma rede de apoio próxima. (TV Globo, 2023)
Deus me livre de conviver normalmente com a ideia de que um grupo de milhões de brasileiros e brasileiras, incluindo mães e suas crianças, acordam sem saber se vão conseguir comer. Dados do IBGE mostraram que a insegurança alimentar era realidade em 27,6% dos lares no país em 2023, onde 64 milhões de brasileiros não tinham pleno acesso a alimentos para suprir suas necessidades. Em 4,1% desses domicílios, cerca de 8,6 milhões de pessoas (incluindo crianças), a privação era grave – ou seja, são famílias que convivem com o fantasma da fome. (O Globo, abril de 2024)
Deus me livre de continuar achando que está tudo bem mulheres ganharem menos que os homens ao exercerem as mesmas funções. Em média 20,7% a menos, segundo pesquisa feita pelo Ministério do Trabalho. Isso sem falar na ausência delas em cargos de coordenação. Em 53% dos estabelecimentos pesquisados, mesmo tendo mais de cem empregados, não havia pelo menos três mulheres em cargos de direção e chefia para permitir uma comparação salarial. (G1, setembro de 2024).