O menu era tipicamente brasileiro. Teve moqueca, farofa, costela e até acarajé. Mas com a assinatura especial que a ocasião exigia, afinal, tratava-se de um almoço com líderes de países que compõem o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York. E a coluna, é claro, descobriu as mãos de um gaúcho na preparação dos pratos.
O chef Vico Crocco, expoente da gastronomia nacional, foi convidado pela renomada chef Morena Leite para preparar o menu que integrava Brasil em Sabores, projeto liderado por Morena e executado junto ao Itamaraty. A ideia é justamente promover a gastronomia brasileira em diferentes países, não somente pelos jantares preparados mundo afora, mas também por meio da busca de ingredientes brasileiros nas mais diversas nações e da realização de aulas, com troca de conhecimento, sobre os sabores nacionais. Vico e Morena se conheceram por meio da cozinha e se tornaram grandes amigos.
O almoço em questão reuniu líderes do mundo inteiro no selecionadíssimo The Lotos Club, em Nova York. Como se sabe, o Brasil esteve na presidência do Conselho de Segurança, daí a importância de valorizar a gastronomia nacional diante de líderes mundiais.
O menu — assinado pela chef Morena Leite — incluiu, de entrada, mini acarajé com vatapá de algas, empadinha de quinoa recheada com polvo e uma trouxinha de couve com costela e abóbora. Já entre os pratos principais havia: ceviche de peixe branco com pupunha (encontrada em Nova York!) dentro de um coco; ravioli de tapioca com queijo Serra da Canastra e molho de ervas; moqueca de peixe, arroz com castanha de caju, farofa de biju e quiabo; além de picanha confitada, mousselini de feijão preto e farofa de ervas. Por fim, a sobremesa trouxe fondue de capim santo com gomos de abacaxi.
Tudo isto com tempo cronometrado: em uma hora e meia os convidados precisavam encerrar o almoço por conta das agendas concorridas (e corridas) da diplomacia.
— Participar desse projeto foi e está sendo uma experiência incrível. A gente busca os insumos nacionais por onde vamos, não levamos nada daqui. Até dendê nós conseguimos! E acredito que, de certa forma, conseguimos deixar um legado da cultura gastronômica brasileira.
Com o Brasil em Sabores, Vico já cozinhou para diplomatas e líderes mundiais em outros países, passando pela Áustria e até o Paquistão.
— A gente aprende que, na diplomacia, quase tudo acontece à mesa. E por isso o projeto nos dá ainda mais responsabilidade. E, claro, um orgulho imenso em fazer parte — concluiu.
