A discussão sobre o tal "voto útil" se fez presente nas últimas semanas no debate nacional, na disputa à Presidência da República. Os candidatos da chamada terceira via se incomodaram com a insistência petista em tentar convencer eleitores de que o melhor seria se optassem por Lula e não por outros (como Ciro Gomes ou Simone Tebet), no caso de uma estratégia para vencer o atual presidente da República, Jair Bolsonaro.
No Rio Grande do Sul, contudo, o tema "voto útil" aparece em outra disputa, como se pode observar até mesmo nas propagandas partidárias em rádio e televisão. Trata-se da corrida ao Senado, que hoje tem como primeiros colocados, em empate técnico, Olívio Dutra (PT) e Ana Amélia Lemos (PSD), seguidos, de perto, pelo vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos).
A pesquisa Ipec divulgada em 16 de setembro expôs o seguinte cenário: Olívio Dutra (PT) lidera com 28%, seguido de Ana Amélia Lemos (PSD) com 25% e Hamilton Mourão (Republicanos) com 19%. O instituto explica que Olívio e Ana Amélia estão empatados pela margem de erro. Mourão está empatado no limite da margem de erro com Ana Amélia.
Mas em que contexto se insere o voto útil, neste caso? Em um contexto em que há duas candidaturas do campo da direita com índices consideráveis de intenção de voto. Esta divisão da direita ou centro-direita configura uma vantagem potencial para Olívio, candidato do PT, considerando-se que os votos do campo oposto se dividem entre Ana Amélia e Mourão (e é possível acrescentar, inclusive, votos para a candidata comandante Nádia, do PP).
A observação foi feita pelo cientista político Carlos Bellini Borenstein, especialista em Marketing Político, Comunicação e Planejamento Estratégico de Campanhas Eleitorais. "Ana Amélia e Mourão apostarão no voto útil antipetista para tentar reproduzir a vitória de Lasier sobre Olívio nas eleições de 2014", pontuou.
Como já se pode ouvir nas propagandas, há por parte das candidaturas uma tentativa de atrair o eleitor antipetista, sob a justificativa de que este ou aquele candidato "é o único capaz de vencer o PT", por exemplo.
Se haverá, de fato, migração para um ou outro, só se saberá no próximo domingo, 2 de outubro. Mas, ao que tudo indica, a eleição para o Senado no Rio Grande do Sul promete fortes emoções, ainda mais do que a corrida ao Piratini, já que tudo se define no primeiro turno.