Os números da pesquisa Ipec divulgados na noite passada, sobre intenção de voto ao governo do Estado, desembarcaram junto com os candidatos nos estúdios da RBSTV, onde foi realizado o debate da Rádio Gaúcha na manhã desta terça-feira (16). Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PL) apareceram, respectivamente, em primeiro e segundo lugar, e foi sob esta perspectiva que as falas mais ácidas foram disparadas.
Leite, que foi governador até o final de março, foi atacado por Onyx, que o chamou, em mais de uma oportunidade de "o governador que renunciou" e também o "governante de plantão". Conforme a pesquisa Ipec, Onyx está 13 pontos percentuais atrás do tucano (32% x 19%). Os dois não duelaram entre si.
No bloco das perguntas entre os candidatos, Roberto Argenta (PSC) escolheu Leite, que assim não pode ser opção de outros para um embate. Já na sua vez de escolher para quem perguntar, Leite escolheu o senador Luis Carlos Heinze (PP). O tema foi educação.
A troca entre os dois não teve ataques. Heinze insistiu na importância da promoção de investimentos em escolas técnicas e disse também que é preciso valorizar os professores.
Foi o candidato do PT, Edegar Pretto, quem escolheu Onyx para resposta. Não houve troca de críticas mais duras entre eles. Pretto, aliás, optou por colocar em evidência essa disputa Leite x Onyx, citando números divergentes sobre o Produto Interno Bruto (PIB). Depois, disse que ambos representam o mesmo modelo de governo.
Ao longo de duas horas de debate, Leite não entrou em provocações. Ao final, no bloco das considerações, disse que quer enfrentar problemas e não atacar as pessoas. Em claro sinal às críticas que recebeu, disse que as pessoas lhe conhecem e que é do seu perfil promover a "união", e que sabe que o Rio Grande do Sul ainda tem muitos problemas a serem enfrentados e, por isso, se apresentou para a reeleição.
Eleição nacional
A eleição nacional também apareceu, como se esperava, no debate. Os candidatos Onyx Lorenzoni e Edegar Pretto fizeram questão de mencionar seus líderes nacionais. Foi Pretto quem abriu sua fala dizendo que a candidatura dele é a candidatura que tem o ex-presidente Lula em nível nacional. Ele também fez questão de citar Olívio Dutra durante o debate, que apareceu como primeiro colocado na pesquisa Ipec de intenção de voto ao Senado.
No outro espectro, Onyx fez questão de valorizar o governo Bolsonaro, do qual foi ministro. Lembrou ações promovidas por Bolsonaro para, por exemplo, desburocratizar e simplificar a vida dos brasileiros. Disse que foi o presidente quem teve a preocupação de tirar o Estado "dos ombros de quem empreende" e de "quem produz".
O senador Luis Carlos Heinze não se apresentou como candidato de Bolsonaro no debate, mas nas redes sociais faz questão de lembrar que é bolsonarista.
Regime de Recuperação Fiscal
O tema finanças públicas, um problema sério para o Estado, também esteve presente. E foi motivo de falas ácidas. Em que pese distante da vida real das pessoas, a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal foi questionada por candidatos de diferentes partidos, entre eles Vieira da Cunha, Vicente Bogo e Onyx Lorenzoni.
Onyx chegou a dizer que, ao assinar o acordo — o termo foi assinado entre o governo gaúcho (Eduardo Leite) e governo federal (Jair Bolsonaro) —, houve "crime de lesa-pátria". Ele lembrou que houve contraindicação do Tribunal de Contas em relação à adesão.
Frase
Ainda sobre o duelo entre Onyx e Leite, repercutiu entre os ouvintes a frase dita pelo candidato Vieira da Cunha ao se referir aos cenários apresentados por Eduardo Leite, em nível estadual, e Onyx Lorenzoni, em nível nacional:
— Parece que a gente vive em outro Estado e em outro país. Nas palavras do candidato Onyx, está tudo uma maravilha no Brasil. Nas palavras de Eduardo Leite, aqui no Rio Grande do Sul está tudo ótimo. O mundo da fantasia dos candidatos não existe — opinou.