A corrida eleitoral deste ano segue a todo o vapor. Bolsonaro ainda aparece atrás do primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto à Presidência, mas duas das últimas sondagens divulgadas pelo PoderData mostram cenários a serem observados: em um deles, Bolsonaro se manteve no mesmo lugar, apesar de eventos desfavoráveis (prisão de ex-ministro e denúncias de assédio na Caixa) e, no levantamento mais recente, recuperou pontos na corrida eleitoral.
Olhemos os números divulgados pelo PoderData, do portal Poder360. Nele, Bolsonaro sai de 34 pontos percentuais (19-21 junho) para 35 (3-5 julho), para então chegar a 37 (17-19 julho). Ao alcançar 37, a diferença entre ele e o ex-presidente Lula (primeiro colocado) cai para seis pontos percentuais, a menor distância entre os dois - segundo o PoderData - desde abril de 2022. Lula tem 43 pontos, conforme a pesquisa.
Não é preciso ter bola de cristal para saber que Bolsonaro e a campanha dele atiraram em pontos centrais a fim de recuperar terreno, em especial a aprovação no Congresso de uma série de benesses em ano eleitoral, driblando o teto de gastos e também a legislação vigente. Teve vale-gás, auxílio-caminhoneiro, turbinada no Auxílio Brasil, tudo isso com um objetivo muito claro: recuperar votos que se afastaram dele a partir da inflação - alta nos preços - e a consequente perda do poder de compra dos brasileiros.
É sempre válido lembrar a máxima de que o "órgão" mais sensível do eleitor não é o coração, mas sim o bolso.
Analistas que observaram de perto os números do levantamento atentam ainda para algo que deverá ser crucial para quem deseja vencer em outubro: a taxa de rejeição. Tal como em 2018, quando Bolsonaro soube explorar bem o anti-petismo, agora ambas as candidaturas pretendem insistir no grupo que: "não vota em Bolsonaro de jeito nenhum" ou "não vota no PT de jeito nenhum".
Não à toa o ex-presidente Lula celebrou a chegada da cantora Anitta entre seus apoiadores. Na linguagem dos analistas, a artista consegue "furar a bolha" do grupo que já decidiu que vai votar em Lula , principalmente porque faz questão de dizer que não é eleitora do PT e votará em Lula para poder derrotar Bolsonaro.
No caso da campanha do presidente Jair Bolsonaro, contou a coluna Painel, da Folha de São Paulo, aliados refizeram as contas e imaginam ser possível encostar em Lula em pontos em agosto, em especial porque Bolsonaro vai começar a capitalizar em cima da queda do preço da gasolina e do pagamento do auxílio de R$ 600.
Mas ainda há chão pela frente. Na semana em que se iniciaram as convenções partidárias, é preciso salientar ainda que há longos 70 e tantos dias até outubro e que em política, tal como no futebol, considerar o jogo ganho é perigoso e pode custar a vitória de quem achar que já venceu.
Método de pesquisa
O PoderData ouviu entre os dias 17 e 19 de julho, por telefone, 3 mil eleitores brasileiros de 16 anos ou mais em 309 municípios distribuídos em todos os Estados e o DF. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-07122/2022.
A pesquisa mostra que Lula ganha de Bolsonaro nas regiões Sudeste e Nordeste (43% a 37% e 52% a 27%, respectivamente). Em contrapartida, o presidente supera o petista na região Sul (48% a 28%). Há empate técnico no Centro-Oeste (41% a 36%) e no Norte (50% a 44%), com vantagem para Bolsonaro em ambos.