O MDB, partido que governou o Estado recentemente com José Ivo Sartori (2014-2018) e Germano Rigotto (2003-2006), está diante de um dilema com hora marcada para ser resolvido. Trata-se da definição do nome para ser candidato ao governo do Estado, em um cenário de prévias suspensas justamente para evitar uma divisão na legenda, a ponto de prejudicar a campanha dos nomes colocados.
Hoje, estão postos, com mais força, os nomes de Alceu Moreira, deputado federal, e Gabriel Souza, deputado estadual. Ambos se colocaram à disposição para disputar o governo na eleição de outubro.
De um lado, pesa a favor de Alceu Moreira a chamada "fila" interna no partido. Significa dizer que esta seria a sua vez na ordem, em detrimento de outros que já disputaram o cargo de governador. Contudo, líderes internos percebem a candidatura de Alceu como menos competitiva porque se situa no mesmo campo que dois expoentes já colocados na base bolsonarista: Luis Carlos Heinze (PP) e Onyx Lorenzoni (DEM). Todos pontuam melhor entre os eleitores mais conservadores, mas pesa a favor de Onyx e de Heinze a maior proximidade com Bolsonaro.
Por outro lado, o nome de Gabriel Souza, ex-presidente da Assembleia, foi levantado dentro do próprio partido justamente pelo aspecto da competitividade. Internamente, líderes políticos entendem que o MDB entraria na disputa com chances de vencer, porque poderia conquistar eleitores de centro e de direita, mas também um aspecto específico: o apoio do atual governador Eduardo Leite. A interpretação desses líderes é de que, em Leite não sendo candidato à reeleição, há um espaço aberto para construção de uma candidatura que seja a "continuação" do projeto político, seguindo a mesma linha iniciada ainda no governo Sartori, de "arrumar a casa".
E aqui cabe lembrar: com a ida de Leite do PSDB para o PSD (para disputa à Presidência), a candidatura nacional precisará de um palanque forte no RS. Gabriel Souza poderia representar este palanque como candidato do MDB (lembrando que a coligação no RS tem que respeitar o arranjo nacional).
E como resolver o impasse? A melhor solução, apostam experientes líderes do próprio MDB, seria que um dos nomes cedesse em favor do outro para evitar rusgas que implodissem o partido antes mesmo do início da campanha eleitoral. Basta lembrar de como ficou o PSDB na disputa nacional entre Dória x Eduardo Leite. Há disposição para isso? O quanto custará se a prévia for, de fato, realizada? Hoje, ela está suspensa, mas o partido precisará tomar uma decisão. E é esse o nó que precisa ser desatado.