O programa Timeline desta sexta-feira (11) recebeu o professor de filosofia, mestre em Ciências da Religião e podcaster dos estúdios Flow, Paulo Cruz. O debate se estabeleceu a partir de um dos episódios mais comentados da semana: a fala de Monark, um dos apresentadores do podcast Flow (agora demitido), em defesa da existência de um partido nazista. A fala foi repudiada por políticos, empresas e associações de diversos segmentos.
A entrevista pode ser ouvida aqui em GZH e no Spotify:
Para o professor, é preciso ter muita responsabilidade sobre qualquer fala pública, em especial quando o comunicador é ouvido por milhões de pessoas — caso do podcast de Monark. Ele, que se manifestou contra o linchamento virtual e contou sobre também ter sido atacado nas redes no episódio, lembrou que a liberdade de expressão não é um direito absoluto e, sim, existem limites para não ferir o direito do outro.
— Não existe liberdade absoluta e irrestrita (de expressão) dentro de uma sociedade civil. Isso é básico. Tem uma fronteira nisso. É obvio que a gente tem que ter liberdade pra dizer o que pensa. Mas também é preciso ter tranquilidade para entender quando isso ultrapassa essa "linha", que deve ser defendida por todos. Todo mundo tem que ter liberdade de dizer o que pensa, isso é um princípio básico de liberdade. Mas veja, imagina o efeito que tem um vizinho vir aqui na minha casa e ele dizer 'ah, eu não gosto de nordestino', ele ta se dirigindo a mim somente. Eu vou dizer pra ele 'você é um babaca' e o episódio acaba ali. Agora, o problema é uma pessoa que é ouvida por milhões de pessoas dizer essa mesma coisa. O efeito é infinitamente maior ao dizer esses absurdos — avaliou.
O professor complementou sua fala dizendo que não se pode partir da premissa de que o emissor não tem responsabilidade sobre o que o receptor compreende.
— Não é assim. O emissor também tem responsabilidade. Eu sou professor. Eu não posso chegar na sala de aula e o aluno não entender. Eu tenho que me fazer entender — pontuou.