Um dos principais escritores com influência sobre o pensamento do presidente Jair Bolsonaro e dos filhos dele, o escritor Olavo de Carvalho faleceu na noite desta segunda-feira nos Estados Unidos. Em mensagem publicada nas redes sociais, Olavo foi descrito pelo presidente como "um dos maiores pensadores da história do nosso país".
Olavo participou do programa Timeline, da Rádio Gaúcha, em novembro de 2018. A conversa foi realizada com o apresentador e colunista de GZH David Coimbra. Na ocasião, Bolsonaro já estava eleito, contudo não havia sido empossado — o que ocorreria em 1º de janeiro de 2019.
Ao projetar o governo bolsonarista, Olavo apostou que não haveria oferta de cargos no governo em troca de votos e apoio político no Congresso. Para Olavo, os deputados não "cobrariam" cargos, nem mesmo "trancariam" projetos do governo, a partir do entendimento de que a população brasileira e a opinião pública estavam com Bolsonaro.
— Eles (deputados, senadores) não vão fazer isso. Não vão fazer porque não são loucos. Eles conhecem a força da pressão popular. Eles não vão se expor para serem odiados pela massa — apostou.
Como se sabe, em troca de apoio político, o presidente Jair Bolsonaro precisou se aliar ao grupo conhecido como centrão. Como parte deste acordo, o ministério da Casa Civil foi entregue ao senador Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP.
À época, a projeção de Olavo havia sido justamente na direção contrária.
— Não tem nada que negociar cargo, não. Que que é isso. Veja, você pode negociar cargo numa situação de normalidade, de estabilidade. Mas nesta emergência que o Brasil está, com essa desgraça que aconteceu na nossa economia, com esse estado de falência nacional, com esses 13 ou 14 milhões de desempregados, com 70 mil brasileiros sendo assassinados por ano, você vai pensar em negociar carguinho? Não, você tem que por pessoas capacitadas para resolver o problema. É uma coisa de emergência, de sentimento de humanidade. Nós não podemos deixar que brasileiros continuem sendo assassinados desse jeito. É uma questão de humanidade — disse.