A política brasileira tem movimentos, no mínimo, curiosos. E um deles aconteceu esta semana, a partir da determinação do presidente Jair Bolsonaro de criar um novo programa social, batizado de Auxílio Brasil. O benefício substituirá o auxílio emergencial, que foi criado para ajudar a população durante a pandemia de coronavírus.
A medida implementada pelo governo Bolsonaro foi destacada por ninguém menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desafeto do atual chefe do Executivo. Lula defendeu a concessão do benefício e disse que discorda de quem faz críticas à medida.
"Tem gente dizendo que é auxílio eleitoral, que não podemos aceitar. Não penso assim", explicou.
Para Lula, o valor pré-estabelecido pelo Executivo deveria ser ainda maior, de R$ 600 para as famílias.
Conforme anúncio feito nesta quarta-feira (20) pelo ministro da Cidadania, João Roma, o valor será de R$ 400.
A discussão sobre o Auxílio Brasil ganhou força nas esferas política e econômica por conta da distância entre a teoria e a prática — ou seja, entre o que foi prometido pelo então candidato Bolsonaro (austeridade fiscal, compromisso com as contas públicas) em 2018, e o que está acontecendo agora.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, é um dos mais criticados por que não ficou claro de onde sairá o dinheiro para pagar o benefício.
Além disso, há uma leitura de que a medida é essencialmente eleitoreira e busca resgatar a popularidade de Bolsonaro entre os mais pobres, visando a reeleição em 2022. Para Lula, isto não deve ser motivo de crítica: "Se vai tirar proveito disso, é problema dele (Bolsonaro)".