A crise interna vivida pelo partido Novo, com descontentamento de parte da bancada federal, poderá produzir a saída de alguns dos nomes mais importantes da sigla no Parlamento. Entre eles, o gaúcho Marcel van Hattem, deputado federal mais votado do Rio Grande do Sul em 2018.
No caso de Marcel van Hattem, o clima ficou ainda mais complicado após o fundador do partido e ex-candidato à Presidência, João Amoêdo, sugerir que ele deixasse o Novo e procurasse outro grupo político para concorrer em 2022.
Não à toa, os convites começaram a surgir. Nos últimos dias, dois importantes nomes da política nacional se manifestaram no sentido de construir uma ponte para que o deputado regressasse ao Progressistas. Um deles, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
Em sessão da Câmara (veja o vídeo), Arthur Lira acena para Marcel van Hattem como "futuro progressista", ao que algum parlamentar o corrige, sinalizando que ele é "ex" integrante do PP. O presidente da Casa reafirma sua fala e acrescenta: "ninguém se perde no caminho da volta".
Já no Senado, a investida veio por parte do senador gaúcho Luis Carlos Heinze (PP), que deve disputar o governo do Estado em 2022. Heinze fez o convite de forma aberta nas redes sociais, aproveitando a presença de Amoêdo nos atos contra Bolsonaro no último domingo.
"É 'justa causa para a desfiliação partidária' a 'mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário'. Aliar-se à Esquerda e à FORÇA SINDICAL é motivo de sobra!", argumentou.
Reservadamente, Marcel van Hattem ainda estuda as possibilidades para seus próximos passos na política. Não há decisão tomada. No caso de troca de partido, ele precisa definir seu destino até o início de abril por conta da legislação eleitoral, caso queira concorrer em outubro.
Rusgas internas
Não é de hoje que Marcel Van Hattem, deputado federal mais votado no RS em 2018, e os caciques do partido Novo vêm se desentendendo. Na polêmica mais recente até aqui, o deputado não gostou do posicionamento definido pela legenda de apoiar o impeachment de Bolsonaro e chegou a afirmar à coluna que a bancada federal não teve sua opinião levada em consideração na discussão.
Depois, a rusga voltou a ficar evidente publicamente a partir da discussão sobre o voto impresso, no plenário da Câmara dos Deputados.
À época, o posicionamento de Van Hattem foi duramente atacado por João Amoêdo, ex-candidato à presidência e um dos fundadores do partido Novo. Sem citar nomes, Amoêdo sugeriu que deputados que votaram como o parlamentar gaúcho deixassem o partido e procurassem outra legenda para se filiar.